sábado, 13 de agosto de 2022

Conheça mais à História - Sociedades indígenas no início da República

 Sociedades indígenas no início da República

        No final do século XIX, a maior parte da população indígena do país continuava apartada da sociedade brasileira. Durante o Império, prevaleceu a tentativa de integração desses povos pela catequese, que não respeitava a cultura de cada etnia. Além disso, tal prática não evitou os embates violentos, a escravização nem a mortandade dos indígenas.

          Os indígenas só se tornaram alvo de preocupações políticas nos primórdios da República, quando os positivistas defenderam sua proteção pelo governo, por meio da demarcação de seus territórios. A Constituição de 1891, porém, não fez menção alguma àquela população, ignorando completamente sua existência.

        Vale destacar que, entre a segunda metade do século XIX e o início do XX, a expansão das atividades agrícolas e pecuaristas, a mineração e a implantação de estradas de ferro levaram à ocupação de territórios habitados havia séculos pelos indígenas. Em nome do “progresso”, as aldeias dos Kaigáng quase desapareceram por completo nas regiões sul e sudeste do país. O mesmo aconteceu com os Matanawí e os Piranhã, na região do Amazonas, e os Maxakali, que viviam entre os estados da Bahia e Minas Gerais, para citar apenas alguns casos.

          A pressão gerada por esses desbravamento levou a muitos enfrentamentos, como a duradoura resistência dos Parintins contra os exploradores de borracha na Amazônia. Mas essas eram exceções. Em geral, as aldeias se desfaziam, seus habitantes morriam ou abandonavam a região. E, sem restrições legais, qualquer um podia tomar posse das terras e, eventualmente, comercializá-las.

          Apenas em 1910 o governo republicano interveio a favor dessa população, com a criação do Serviço de Proteção aos Índios e Localização de Trabalhadores Nacionais, ou simplesmente Serviço de Proteção aos Índios (SPI), como ficou em 1918. O objetivo principal desse órgão era prestar assistência e proteção aos indígenas. Seu primeiro diretor foi o então tenente-coronel do Exército Cândido Rondon, um militar com larga experiência amistosa com a população indígena de Mato Grosso e do Amazonas. Rondon incentivou a realização de inúmeros levantamentos e estudos sobre as populações indígenas existentes em várias regiões do país. Contando com a participação de muitos cientistas, essas pesquisas contribuíram para a aproximação com grupos até então isolados.

            Apesar de reconhecido, o indígena continuou sendo tratado como socialmente incapaz, pois sua cultura era muito distinta daquela tida por “nacional”. Esse quadro só começou a ser alterado na década de 1940.

            Em 1967, o SPI foi substituído pela Fundação Nacional do Índio (Funai), que existe até hoje.

           Com a promulgação em 1988 da nossa atual Constituição, ficou assegurado o direito de os povos indígenas manterem a sua própria cultura, organização social e autonomia.

            Contudo, o que ainda está por vigorar é o respeito à lei máxima do país.

Referências:

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto mosaico: história – anos finais (ensino fundamental), 9° ano. 1ª ed. São Paulo: Scipione, 2015. p. 70-71.

 

Fred Costa

 

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