terça-feira, 30 de junho de 2020

Questão do Enem 2010.1 comentada - Guerra do Contestado

Enem (2010.1) Guerra do Contestado

A serraria construía ramais ferroviários que adentravam as grandes matas, onde grandes locomotivas com guindastes e correntes gigantescas de mais de 100 metros arrastavam, para as composições de trem toras que jaziam abatidas por equipes de trabalhadores que anteriormente passavam pelo local. Quando o guindaste arrastava as grandes toras em direção à composição de trem, os ervais nativos que existiam em meio às matas eram destruídos por este deslocamento.
(MACHADO, P. P. Lideranças do Contestado. Campinas: Unicamp, 2004 – adaptado)

No início do século XX, uma série de empreendimentos capitalistas chegou à região do meio oeste de Santa Catarina – ferrovias, serrarias e projetos de colonização. Os impactos sociais gerados por esse processo estão na origem da chamada Guerra do Contestado. Entre tais impactos, encontrava-se:

A) a absorção dos trabalhadores rurais com trabalhadores da serraria, resultando em um processo de êxodo rural.
B) o desemprego gerado pela introdução das novas máquinas, que diminuíam a necessidade de mão de obra.
C) a desorganização da economia tradicional que sustentava os posseiros e os trabalhadores rurais da região.
D) a diminuição do poder dos grandes coronéis da região, que passavam disputar o poder político com os novos agentes.
E) o crescimento dos conflitos entre empregados nesses empreendimentos e os seus proprietários, ligados ao capital internacional.


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A) a absorção dos trabalhadores rurais com trabalhadores da serraria, resultando em um processo de êxodo rural. Não foi simplesmente esse agrupamento de trabalhadores somado ao êxodo rural que gerou o conflito conhecido como Contestado, até mesmo porque havia uma disputa pela terra.
B) o desemprego gerado pela introdução das novas máquinas, que diminuíam a necessidade de mão de obra. Na verdade o trabalho na serraria e estrada de ferro levou a disputa pela posse da terra daquela região
C) a desorganização da economia tradicional que sustentava os posseiros e os trabalhadores rurais da região. A Guerra do Contestado foi justamente um conflito entre os posseiros da região e os trabalhadores da estrada de ferro e empresas extrativistas.
D) a diminuição do poder dos grandes coronéis da região, que passavam disputar o poder político com os novos agentes. Mesmo o período ter sido dominado pelos coronéis, não foi esse o motivo da disputa territorial no que passaria a ser conhecido por "Contestado".
E) o crescimento dos conflitos entre empregados nesses empreendimentos e os seus proprietários, ligados ao capital internacional. A empresa responsável pela construção da estrada de ferro não tiveram tanto influência assim nesse conflito entre posseiros e os ex-trabalhadores somados a camponeses entre outros grupos.


Se você acertou PARABÉNS! Caso contrário espero que os comentários tenham ajudado a entender um pouco mais. Essa questão é difícil poque o assunto é pouco explicado em sala de aula e muitas vezes relacionado ao Antônio Conselheiro e a Guerra de Canudos. A semelhança somente foi de que ambos eram movimentos messiânicos, mas as reivindicações eram diferentes. Caso queira alguma questão comentada, deixe nos comentários.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

A criminalização do curandeirismo


República - Religião


A criminalização do curandeirismo

     Em 1889 o Brasil deixava de ser Império e passava a ser República. O sistema político era alterado, assim como a economia passaria por transformações a longo prazo. A sociedade tinha iniciado algumas mudanças, desde a abolição da escravidão, sendo necessárias novas leis com uma maior participação popular.

   As leis e a própria constituição brasileira eram influenciadas pelas leis estadunidense. O nome dado a república brasileira “Estados Unidos do Brasil” é uma prova de que tínhamos um modelo a seguir. Apesar de que nos EUA os direitos individuais eram valorizados, a vontade de buscar civilizar sua população, buscou-se um controle social gerando diversas críticas.


O processo cultural brasileiro, permitiu que práticas religiosas fossem usadas como práticas curandeiras. Tanto a religião africana como o xamanismo, fossem recorridos constantemente por pessoas que estivessem doentes e buscassem uma melhora ou cura. Desde o Brasil Colônia até o Período Imperial era muito comum essa procura.

Com a implantação da República e a busca acelerada pela civilização da sociedade, o preconceito falou mais forte criminalizando tais práticas. A cultura dos negros, consideradas atrasadas e até demoníacas sofreram forte resistência pelas elites. A importação de um modelo europeu se fez presente na reformulação de várias leis e reforçou o sentimento contra as religiões afro-descendentes.

Dos crimes contra a saúde pública

Art. 156. Exercer a medicina em qualquer dos seus ramos, a arte dentária ou a farmácia; praticar a homeopatia, a dosimetria, o hipnotismo ou magnetismo animal, sem estar habilitado segundo as leis e regulamentos.

Art. 157. Praticar o espiritismo, a magia e os seus sortilégios, usar de talismãs e cartomantes para despertar sentimentos de ódio ou amor, inculcar cura ou moléstias curáveis ou incuráveis, enfim, para fascinar e subjugar a credulidade pública
.
Art. 158. Ministrar, ou simplesmente prescrever, como meio curativo para uso interno ou externo, e sob qualquer forma preparada, substância de qualquer dos reinos da natureza, fazendo, ou exercendo assim, o ofício denominado curandeiro.

As penas para os crimes acima eram de encarceramento de 1 a 6 meses além do pagamento de multa, podendo chegar até 6 anos e aumento da multa caso ocorresse algum dano a vítima. Se a vítima viesse a falecer, o encarceramento poderia alcançar 20 anos. Muitas pessoas da própria elite recorriam muitas vezes as práticas religiosas, aumentando ainda mais as críticas a esse código penal. Ao criminalizarem as práticas de curandeirismo e também a capoeira.


Para superar as dificuldades que enfrentavam, era muito importante para os ex-escravizados e seus descendentes manter seus costumes tradicionais. Desse modo, todos os anos eles celebravam diversas festas, como a festa do Divino Espírito Santo, a congada e a festa de Iemanjá, além do Moçambique e do carnaval.

Referências:

Código Penal dos Estados Unidos do Brasil, 1890. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-847-11-outubro-1890-503086-publicacaooriginal-1-pe.html, acessado em 27 de junho de 2020.

PELLEGRINI, Nelson; DIAS, Adriana e GRINBERG, Keila. Vontade de Saber História, 9° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.


Fred Costa

domingo, 28 de junho de 2020

Questão do Enem 2018.1 comentada - Brasil República (Religião)

Enem (2018.1) Brasil República - Religião

Código Penal dos Estados Unidos do Brasil, 1890

Dos crimes contra a saúde pública

Art. 156. Exercer a medicina em qualquer dos seus ramos, a arte dentária ou a farmácia; praticar a homeopatia, a dosimetria, o hipnotismo ou magnetismo animal, sem estar habilitado segundo as leis e regulamentos.
Art. 158. Ministrar, ou simplesmente prescrever, como meio curativo para uso interno ou externo, e sob qualquer forma preparada, substância de qualquer dos reinos da natureza, fazendo, ou exercendo assim, o ofício denominado curandeiro.
(Disponível em: http://legis.senado.gov.br. Acesso em: 21 dez, 2014 – adaptado)

No início da Primeira República, a legislação penal vigente evidenciava o(a):

A) negligência das religiões cristãs sobre as moléstias.
B) desconhecimento das origens das crenças tradicionais.
C) preferência da população pelos tratamentos alopáticos.
D) abandono pela comunidade das práticas terapêuticas de magia.
E) condenação pela ciência dos conhecimentos populares de cura.


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A) negligência das religiões cristãs sobre as moléstias. No texto não tem nenhuma referência sobre negligência das religiões cristãs sobre as moléstias e sim a proibição de sua atuação.
B) desconhecimento das origens das crenças tradicionais. O texto ao reconhecer as crenças populares com suas práticas de curandeirismo, proíbem a sua atuação.
C) preferência da população pelos tratamentos alopáticos. Alopáticos seria o uso de medicamentos, o que não consta no texto por se tratar de crimes contra a saúde pública.
D) abandono pela comunidade das práticas terapêuticas de magia. O texto indica uma proibição por ser considerado crime, não simplesmente um abandono pelas religiões.
E) condenação pela ciência dos conhecimentos populares de cura. Era muito comum a prática do curandeirismo de algumas religiões, sendo proibidas após a implantação da República e constando como crime.


Se você acertou PARABÉNS! Caso contrário espero que os comentários tenham ajudado a entender um pouco mais. O tema República Velha sempre trás questões muito fáceis, como essa trazendo no seu texto uma palavra chave constando em uma das alternativas. Caso queira alguma questão comentada, deixe nos comentários.

sábado, 27 de junho de 2020

A reforma eleitoral de 1881


Brasil Império - Eleições



A reforma eleitoral de 1881

   Com a implantação do Império Brasileiro, as eleições brasileiras eram censitárias, ou seja, para poder votar o eleitor precisava possuir uma determinada renda. Muitos historiadores ainda debatem se a quantidade de homens votantes era grande ou não. Mas a verdade é que uma parcela enorme da sociedade era excluída de poder votar como mulheres e escravos. Esse assunto já foi tratado nesse blog (clique aqui para conferir).

     Desde a Constituição de 1824, outorgada (tornada pública) pelo Imperador D. Pedro I, havia determinações quanto ao processo eleitoral. O seu sistema era bastante complexo, devido aos eleitores de primeiro e segundo grau. Apesar de que comparado com os dias atuais não seja abrangente, mas para a época foi importante afim de garantir um processo democrático. Apesar dos partidos Liberal e Conservador disputarem pelo poder, muita coisa aconteceu nesse período e você pode verificar clicando aqui também.



Com o aumento da população e principalmente dos centros urbanos, várias demandas chegaram ao Imperador D. Pedro II. O voto censitário era uma barreira para muitas pessoas, que desejavam participar do processo político imperial. Poder não só votar como ser votado foi uma necessidade da população e abraçada pelo Imperador brasileiro.

     Uma grande discussão foi iniciada em utilizar o voto direto, mas esbarrava no grande problema que foi o analfabetismo. Milhares de brasileiros não sabiam ler e escrever. Os parlamentares achavam essencial que ao escolherem os parlamentares, era preciso um nível de intelectualidade. O analfabetismo era visto como ignorância não só quanto ao intelecto, mas também como forma de enxergar o mundo assim como o processo eleitoral e político.

       Em 1880, José Antônio Saraiva, foi convocado pelo Imperador para chefiar o Conselho de Ministro e implantar uma reforma eleitoral. O seu projeto inicial enviado à Câmara dos Deputados implantava um processo eleitoral em que seria exigido uma simples assinatura. Mas na comissão de análise na Câmara, foi modificado exigindo que o eleitor soubesse ler e escrever ao ter que registrar o nome do candidato na cédula, assim como assinar a data da eleição.



    Mesmo obtendo resistência no Senado, foi aprovado o projeto de lei em 1881, transformando-se na Lei 3.029, de 09 de janeiro de 1881, ficando conhecido como Lei Saraiva, por causa do seu elaborador. Nas eleições seguintes percebeu uma diminuição do número de votantes. A primeira eleição sob o princípio dessa lei, de 145.296 eleitores, somente 96.411 votaram, seguindo as exigências de saber ler e escrever. Mesmo mantendo o voto censitário, em que era necessário possuir uma determinada renda para poder votar, mais de 80 por cento do eleitorado foi excluído de poder votar.

Referências:

PELLEGRINI, Nelson; DIAS, Adriana e GRINBERG, Keila. Vontade de Saber História, 8° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.

SCHNEEBERGER, Carlos Alberto. Manual Compacto de História: ensino fundamental. 1ª ed. São Paulo: Rideel, 2010.

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto mosaico: história – anos finais (ensino fundamental). 1ª ed. São Paulo: Scipione, 2015.


Fred Costa

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Questão do Enem 2015.2 comentada - Brasil Império (eleições)

Enem (2015.2) Brasil Império - Eleições

Em 1881, a Câmara dos Deputados aprovou uma reforma na lei eleitoral brasileira, a fim de introduzir o voto direto. A grande novidade, porém, ficou por conta da exigência de que os eleitores soubessem ler e escrever. As conseqüências logo se refletiram nas estatísticas. Em 1872, havia mais de 1 milhão de votantes, já em 1886, pouco mais de 100 mil cidadãos participaram das eleições parlamentares. Houve um corte de quase 90 por cento do eleitorado.
(CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho, Rio de Janeiro: civilização Brasileira, 2006)

Nas últimas décadas do século XIX, o império do Brasil passou por transformações como as descritas, que representaram a:

A) ascensão dos “homens bons”.
B) restrição dos direitos políticos.
C) superação dos currais eleitorais.
D) afirmação do eleitorado monarquista.
E) ampliação da representação popular.


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A) ascensão dos “homens bons”. Não há no texto nenhuma indicação para essa alternativa, assim como esse termo foi utilizado no período: Brasil Colônia.
B) restrição dos direitos políticos. Percebe-se que mudando o sistema eleitoral de voto censitário para direto, a exigência contida no texto excluiu uma grande parcela da população do direito de votar.
C) superação dos currais eleitorais. Não tem no texto referência que condiz a curral eleitoral, assim como esse termo será somente visto no Brasil República.
D) afirmação do eleitorado monarquista. O eleitorado votava somente para escolher deputados estaduais, federais e senadores. O Imperador era uma monarquia hereditária,.
E) ampliação da representação popular. Não houve ampliação da representação popular já que excluíram do processo eleitoral aqueles que sabiam ler e escrever.


Se você acertou PARABÉNS! Caso contrário espero que os comentários tenham ajudado a entender um pouco mais. Essa questão é muito fácil já que no texto de apoio sendo interpretado corretamente saberá marcar a resposta correta. Caso queira alguma questão comentada, deixe nos comentários.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Da Pólis grega a política


História Antiga – Grécia Antiga


Da Pólis grega a política

      Na passagem do século IX a. C. para o VIII a. C., a população e a produção da Grécia Antiga voltaram a crescer. Com isso, a organização em formato de oikos foi substituída pelas chamadas pólis. As polis eram cidades-estados que se desenvolveram cada uma com modelo de organização própria.

       Em termos físicos, cada polis possuía, no mínimo, duas partes: a acrópole (parte mais alta, onde ficava templo principal) e a ágora (parte baixa, onde ficavam a praça com mercado, alguns templos menores, órgãos públicos e administrativos, locais de conversação e as ruas com as residências). Os habitantes de uma pólis geralmente tinham costumes semelhantes e cultuavam as mesmas divindades.


       A polis [...] abrangia as terras circunvizinhas e era o ponto de reunião da população que vivia dentro e fora de seus muros. Nela faziam-se negócios, fabricavam-se artigos, realizavam-se cerimônias e ritos, discutiam-se os assuntos públicos e tomavam-se decisões sobre eles. Embora fosse pequeno o número de pessoas que viviam efetivamente dentro dos muros da polis, a sua população total compreendia os habitantes das aldeias e das zonas rurais, e nos centros marítimos, como Corinto e Atenas, também os homens do mar. Agricultores, artesãos. Comerciantes e marítimos se uniam sem restrições. A vida era ao mesmo tempo variada e íntima, repleta de diversas espécies de atividade física, inclusive aquela a que se refere atualmente o termo “política”. (BOWRA, C. M. Grécia Clássica. Rio de Janeiro: José Olympio, 1969. p. 58)

      Em vez de uma autoridade que defendesse os interesses do povo, o próprio povo reivindicava participar da vida política, construindo regras que atendesse às suas necessidades. Nos lugares onde isso aconteceu, em oposição à concentração de poder nas mãos do tirano, desenvolveu-se o regime político conhecido como democracia – do grego demos (povo) e kratia (governo), ou governo do povo.

       Somente com Clístenes, eleito magistrado em 509 a. C., o governo de Atenas passou de fato a ser exercido pelo demos, e a democracia foi implantada na cidade. A Eclésia adquiriu plenos poderes em Atenas e passou a opinar sobre todos os assuntos. A Bulé passou de 400 para 500 membros, os quais não eram eleitos, e sim sorteados entre todos os cidadãos gregos.


A democracia ateniense baseava-se na noção de cidadania, que permitia a uma pessoa participar das decisões políticas da polis. Mas em Atenas somente os homens adultos, filhos de pais atenienses, eram cidadãos e, portanto, podiam votar nas assembléias e ser magistrados. Mulheres, estrangeiros e escravos não eram considerados cidadãos.

Referências:

APOLINÁRIO, Maria Raquel. Projeto Araribá: história. 4ª ed. São Paulo: Moderna, 2014.

BOWRA, C. M. Grécia Clássica. Rio de Janeiro: José Olympio, 1969.

MAGALHÃES, Gustavo Celso de; HERMETO, Miriam. História, 6° ano. (Ensino Fundamental – livro 2) Belo Horizonte: Editora Educacional, 2017.


Fred Costa


quarta-feira, 24 de junho de 2020

Questão do IFG 2016 comentada - Grécia Antiga

IFG (2016) Grécia Antiga

“Em Atenas, explicava o sofista Protágoras, ‘quando o objetivo de sua deliberação implica sabedoria política, (...) eles ouvem a cada homem, porque supõe que todos devem participar desta virtude (...)’
Eurípedes expendeu a mesma opinião em sua obra As Suplicantes (II, 438-41) (...) citando as palavras do arauto, na reunião da Assembleia – ‘Que homem tem um bom conselho a oferecer à cidade (polis) e deseja torná-lo conhecido?’(...)
Os julgamentos de Protágoras e de Eurípedes só foram possíveis em virtude de uma inovação grega fundamental (...)”
FINLEY, M. O legado da Grécia: uma nova avaliação. Brasília: Editora UnB, 1998, p. 31.

O texto acima aponta uma inovação grega que a difere das sociedades do antigo Oriente Próximo. De acordo com o apresentado, é correto afirmar que a dita “inovação grega” trata

a) da política, uma vez que os gregos encontraram na polis e na discussão aberta a fonte da autoridade inclusive considerando a possibilidade de votação.
b) do governo, já que foram os gregos os primeiros estabelecer a existência de normas e dispositivos para fazerem a comunidade obedecer tais obrigações.
c) da arte, pois, nas sociedades do antigo Oriente Próximo, não há registros de expressão artística, seja em pinturas ou esculturas.
d) da religião, pois, antes dos gregos, as sociedades orientais organizavam sua visão de mundo a partir da racionalidade matemática.
e) da arquitetura, já que suas construções em estilo dórico e jônico criaram o modelo arquitetônico sobre o qual se elaborou a engenharia ocidental.


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a) da política, uma vez que os gregos encontraram na polis e na discussão aberta a fonte da autoridade inclusive considerando a possibilidade de votação. O texto deixa claro o processo político e democrático em Atenas, onde os cidadão tinham direito na tomada das decisões.
b) do governo, já que foram os gregos os primeiros estabelecer a existência de normas e dispositivos para fazerem a comunidade obedecer tais obrigações. Não havia uma forma de governo em Atenas, já que as decisões tomadas pelos cidadãos eram coletivas e democráticas.
c) da arte, pois, nas sociedades do antigo Oriente Próximo, não há registros de expressão artística, seja em pinturas ou esculturas. No texto da questão não há nada que possa relacionar com expressões artísticas.
d) da religião, pois, antes dos gregos, as sociedades orientais organizavam sua visão de mundo a partir da racionalidade matemática. No texto está claro sobre votação e participação popular não sendo mencionado religião no texto.
e) da arquitetura, já que suas construções em estilo dórico e jônico criaram o modelo arquitetônico sobre o qual se elaborou a engenharia ocidental. Também no texto não é feita nenhuma menção sobre arquitetura e seus estilos dórico e jônico.


Se você acertou PARABÉNS! Caso contrário espero que os comentários tenham ajudado a entender um pouco mais. O tema Grécia Antiga é bastante explorado em sala de aula e nos livros didáticos, principalmente no que tange a democracia e participação dos cidadãos na tomadas das decisões. Caso queira alguma questão comentada, deixe nos comentários.

terça-feira, 23 de junho de 2020

Política do café com leite


República Velha


Política do café com leite

     No ano de 1889 o Brasil deixava de ser Império e passou a se tornava República. O primeiro presidente eleito indiretamente foi o marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892). Pelo seu vice também ser militar, esse período inicial ficou conhecido como República da Espada. Foi um início tenso devido a embates do presidente com o Congresso Nacional e também sua renúncia e o término do mandato pelo vice-presidente Floriano Peixoto (1839-1895) governando com mãos de ferro, repelindo revoltas na marinha e também no sul do país.

    Com o fim do mandato presidencial pelos militares, em 1894 foi eleito o primeiro presidente civil do Brasil, o paulista Prudente de Morais (1841-1902). Isso se deu graças aos partidos republicanos de cada estado e à possibilidade de autonomia proporcionada pelo federalismo. Assim, os latifundiários, via partidos republicanos, obtiveram o controle político e econômico do país (para entende sobre a economia desse período que já foi tratado nesse blog, clique aqui).


  Durante esse período, os presidentes do Brasil procuraram fazer alianças com as elites regionais, implantando a chamada política dos governadores. Esse arranjo político, idealizado pelo presidente Campos Salles (1841-1913), consistia no compromisso de a presidência apoiar os governos dos estados e dos governadores de apoiarem a presidência. Era vantajoso para os governos estaduais, porque seus representantes eram premiados com ministérios, ajuda econômica e liberdade para instituírem impostos estaduais caso aprovassem medidas de interesses do governo no Legislativo.

     Em contrapartida, os governadores defenderiam as políticas federais e garantiriam, a qualquer custo, a eleição de deputados que seguissem a orientação política do governo federal.

  Um desdobramento importante da política dos governadores foi a alternância no poder de representantes dos dois maiores colégios eleitorais e estados mais ricos da federação: São Paulo (café) e Minas Gerais (leite). Esse arranjo ficou conhecido informalmente como política do café com leite. A política dos governadores possibilitou que a elite agrária mantivesse o poder por cerca de 35 anos.


    Os arranjos entre as elites políticas da Primeira República ocorriam em três níveis: municipal, estadual e federal. Observe:
  •  Nível Municipal: se destacava a figura do coronel, que exercia seu poder geralmente em uma região do interior do país. Ele era responsável por garantir que a população votasse nos deputados favoráveis ao governo.

  •  Nível Estadual: era dominado pelos governadores, que recebiam o apoio dos coronéis e concediam a eles muitos privilégios caso garantissem os votos dos candidatos favoráveis ao governo.

  •   Nível Federal: o governo contava com o apoio dos governadores dos estados, que a cada eleição reafirmavam suas alianças e interesses políticos. Em troca, o presidente atribuía amplos poderes aos governadores que o apoiavam.


Referências:

PELLEGRINI, Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade de saber história, 9° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.

SCHENEEBERGER, Carlos Alberto. Manual Compacto de história: ensino fundamental. 1ª ed. São Paulo: Rideel, 2010.


Fred Costa