domingo, 21 de fevereiro de 2021

Documentos Históricos - Uma revolta dos judeus.

 Uma revolta dos judeus


        O episódio a seguir trata de uma revolta dos judeus contra os romanos e foi relatado pelo historiador judeu Flávio Josefo, na obra As guerras dos judeus. Leia o fragmento a seguir.

Manahem, filho de Judas da Galileia, o grande sofista que desde o tempo de Cirênio censurava os judeus – que, em vez de obedecer a Deus, eram tão covardes que reconheciam o domínio dos romanos – com o auxílio de algumas pessoas ilustres, tomou à força Massada, onde estava o arsenal de Herodes e, depois de ter armado um grande número de homens, que nada tinham a perder, e ladrões, que se uniram a eles, dos quais se servia como de guardas, voltou a Jerusalém, fazendo-se rei, tornou-se chefe da revolta e ordenou que continuassem o cerco do palácio.

          [...] Os revoltosos ocuparam logo todos os lugares abandonados pelos romanos, mataram os que lá encontraram, saquearam tudo e incendiaram Estratopedom [...].

          No dia seguinte, o grão-sacrificador, que se tinha escondido no esgoto do palácio, foi preso e morto pelos revoltosos com Ezequias, seu irmão; depois, eles sitiaram as torres, a fim de que nenhum dos romanos pudesse escapar.

      A morte desse grão-sacrificador e tantos lugares fortificados conquistados tornaram Manahem tão orgulhoso e tão insolente que, julgando não haver ninguém melhor do que ele, para governar, tornou-se um tirano intolerável. Eleazar e alguns outros [...] resolveram em seguida abolir essa nova dominação e foram ao templo onde Manahem, vestido como rei, acompanhado de vários soldados, tinha entrado com grande pompa para adorar a Deus. Atiraram-se sobre ele, tomando pedras para matá-lo, julgando que sua morte restituiria a calma a cidade [...]

JOSEFO, Flávio. História dos hebreus: obra completa. 4 ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2000. p.204-206 e 572-573.

Referências:

JOSEFO, Flávio. História dos hebreus: obra completa. 4 ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2000.

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto mosaico: história – anos finais (ensino fundamental), 6° ano. 1ª ed. São Paulo: Scipione, 2015. p. 165.

 

Fred Costa

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Conheça mais à História - Cidades planejadas.

 

Cidades planejadas

       As descobertas arqueológicas revelaram que Harappa e Mohenjo-Daro eram cidades planejadas. Ambas tinham diversos quarteirões cortados por ruas largas (algumas com mais de 10 metros) e eram divididas em zonas: uma reservada ao grupo dos senhores poderosos; outra, aos mais pobres; e uma terceira, ao centro comercial. Templos, palácios e outros edifícios públicos ficavam em uma área especial. Destaca-se ainda a existência de um sistema de rede de esgoto com tubos abaixo do nível das ruas.

Referências:

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto mosaico: história – anos finais (ensino fundamental), 6° ano. 1ª ed. São Paulo: Scipione, 2015. p. 172.

 

Fred Costa

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Questão do Enem 2011.1 - Brasil Império (escravidão)

 Enem (2011.1) Escravidão

Foto de Militão, São Paulo, 1879

Que aspecto histórico da escravidão no Brasil do séc. XIX pode ser identificado a partir da análise do vestuário do casal retratado acima?

A) O uso de trajes simples indica a rápida incorporação dos ex-escravos ao mundo do trabalho urbano.
B) A presença de acessórios como chapéu e sombrinha aponta para a manutenção de elementos culturais de origem africana.
C) O uso de sapatos é um importante elemento de diferenciação social entre negros libertos ou em melhores condições na ordem escravocrata.
D) A utilização do paletó e do vestido demonstra a tentativa de assimilação de um estilo europeu como forma de distinção em relação aos brasileiros.
E) A adoção de roupas próprias para o trabalho doméstico tinha como finalidade demarcar as fronteiras da exclusão social naquele contexto.


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A) O uso de trajes simples indica a rápida incorporação dos ex-escravos ao mundo do trabalho urbano. Não era uma simples roupa que garantiria a incorporação no mundo do trabalho urbano.
B) A presença de acessórios como chapéu e sombrinha aponta para a manutenção de elementos culturais de origem africana. Esses elementos estão mais relacionados com a cultura europeia e não africana.
C) O uso de sapatos é um importante elemento de diferenciação social entre negros libertos ou em melhores condições na ordem escravocrata. Uma característica bastante comum durante o Brasil Império era uma diferenciação do ex-escravo que utilizava sapato enquanto um escravo andava descalço.
D) A utilização do paletó e do vestido demonstra a tentativa de assimilação de um estilo europeu como forma de distinção em relação aos brasileiros. Era muito comum no Brasil utilizarem esse estilo de vestimenta copiando os europeus, mas não tem relação com o objetivo dessa fotografia.
E) A adoção de roupas próprias para o trabalho doméstico tinha como finalidade demarcar as fronteiras da exclusão social naquele contexto. Essas vestimentas não eram necessárias para o trabalho doméstico, não sendo esse o foco da fotografia.


Se você acertou PARABÉNS! Caso contrário espero que os comentários tenham ajudado a entender um pouco mais. Essa questão não é fácil, pois é um assunto não tão abordado, fazendo-se presente mais na literatura histórica. Caso queira alguma questão comentada, deixe nos comentários. 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Inconfidência Mineira

 Brasil Colônia

A Inconfidência Mineira

        As conspirações ocorridas no Brasil no século XVIII demonstraram a insatisfação da população diante da dominação portuguesa. Em vários lugares do Brasil ocorreram conspirações populares anticoloniais motivadas pela insatisfação com as políticas impostas pela administração portuguesa na Colônia. Entre essas conspirações destacou-se a chamada Conjuração Mineira, ocorrida entre os anos de 1788 e 1789.

        Esse acontecimento foi uma reação de membros da elite colonial que habitavam Vila Rica (criadores de gado, proprietário de terras, exploradores das minas, arrecadadores de impostos, religiosos, intelectuais e até militares e magistrados) contra os abusos econômicos da Coroa portuguesa. A crise entre os colonos e a Coroa portuguesa se agravou em um contexto de grave recessão econômica iniciada na capitania de Minas Gerais na década de 1760. Essa crise se deu, principalmente, pela diminuição na quantidade de ouro extraída das minas.

            Com a menor retirada de ouro, a capitania de Minas Gerais não conseguiu pagar a totalidade de impostos, acumulando uma enorme dívida com a Coroa portuguesa. Sem considerar as dificuldades de captação do ouro nas minas, o secretário colonial Martinho de Melo e Castro ordenou ao governador de Minas Gerais, Visconde de Barbacena, que realizasse a derrama (cobrança à força de impostos). Percebe-se a forma que a Coroa Portuguesa lidava com a colônia e um rígido controle das minas e cobrança de impostos gerando diversas reclamações entre os colonos.

            Endividados e insatisfeitos, vários colonos passaram a fazer reuniões para planejar a revolta, que seria iniciada no dia da cobrança da derrama. Os principais objetivos da revolta eram cancelar o pagamento dos impostos e das dívidas com a Coroa portuguesa e proclamar uma República em Minas Gerais. Depois que a capitania se tornasse autônoma, os conjurados pretendiam, entre outras iniciativas, instalar manufaturas na região, iniciar a exploração de ferro e implantar uma universidade em Minas Gerais.

            Contudo, o governador foi informado dos planos dos conspiradores e ordenou a suspensão da derrama. Desarticulados, os conjurados decidiram esperar por uma melhor oportunidade para iniciar o movimento, porém acabaram presos e condenados. Entre os envolvidos na Inconfidência Mineira, estava o alferes Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792). Ele era conhecido como Tiradentes e foi um dos membros mais ativos do movimento.

Quando a conjuração foi descoberta pelas autoridades, Tiradentes foi preso e assumiu toda a responsabilidade por sua organização. Assim, enquanto os demais conjurados foram condenados ao exílio na África, Tiradentes foi o único condenado à morte. Apesar de ter sido considerado um traidor pela Coroa portuguesa, quando o Brasil tornou-se uma República, em 1889, Tiradentes foi transformado em “herói nacional”. Em vários momentos da história do Brasil, a imagem de Tiradentes foi apresentada pelos historiadores e defendida por diferentes governos como um exemplo de luta e sacrifício em defesa da liberdade.

Referências:

PELLEGRINI, Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade de saber história, 7° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.

 

Fred Costa

 


terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Questão do Enem 2017.1 comentada - Brasil Colônia - Inconfidência Mineira

Enem (2017.1) Inconfidëncia Mineira

O instituto popular, de acordo com o exame da razão, fez da figura do alferes Xavier o principal dos inconfidentes, e colocou os seus parceiros a meia ração de glória. Merecem, decerto, a nossa estima aqueles outros; eram patriotas. Mas o que se ofereceu a carregar com os pecadores de Israel, o que chorou de alegria quando viu comutada a pena de morte dos seus companheiros, pena que só ia ser executada nele, o enforcado, o esquartejado, o decapitado, esse tem de receber o prêmio na proporção do martírio, e ganhar por todos, visto que pagou por todos.

(ASSIS, M. Gazeta de Notícias, n. 114, 24 ab. 1892)

No processo de transição para a República, a narrativa machadiana sobre a Inconfidência Mineira associa:

A) redenção cristã e cultura cívica.
B) veneração aos santos e radicalismo militar.
C) apologia aos protestantes e culto Ufanista.
D) tradição messiânica e tendência regionalista.
E) representação eclesiástica e dogmatismo ideológico.


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A) redenção cristã e cultura cívica. Percebe-se uma conotação religiosa na forma como tratam Tiradentes e a República que o tratou como herói.
B) veneração aos santos e radicalismo militar. Apesar de Tiradentes ser tratado como um mártir, não possui o texto elementos de veneração aos santos como sugere a alternativa.
C) apologia aos protestantes e culto Ufanista. Não possui o texto apologia aos protestantes nem exaltação ao extremo da Pátria como sugere a alternativa.
D) tradição messiânica e tendência regionalista. Tiradentes foi um líder de um revolta mal sucedida, mas não líder de um movimento religioso.
E) representação eclesiástica e dogmatismo ideológico. Tiradentes não pertenceu a igreja nem tornou-se santo, possuindo um culto somente para ele.


Se você acertou PARABÉNS! Caso contrário espero que os comentários tenham ajudado a entender um pouco mais. Essa questão é fácil, pois o assunto é sempre explicado nas aulas e presentes nos livros didáticos. Caso queira alguma questão comentada, deixe nos comentários. 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

A Crise de 1929

 Idade Contemporânea

A Crise de 1929

      Em meados da década de 1920, a economia estadunidense começou a entrar em recessão, desacelerando o consumo. Ao perceber esse fenômeno, grande parte das empresas passou a negociar ações na Bolsa de Valores, principalmente de Nova Iorque. Atraídas pela possibilidade de lucros rápidos, muitas pessoas compravam essas ações, que logo se tornaram muito valorizadas.

         No entanto, o valor das ações subia de forma artificial, isto é, não correspondia ao crescimento real da economia. Isso aconteceu principalmente porque os consumidores procuravam manter um nível de vida mais alto do que a realidade econômica do país permitia, contraindo um grande número de empréstimos garantidos por hipotecas (ato de oferecer um bem como garantia de pagamento de um empréstimo contraído).

     [...] A euforia da década [de 1920] chegava a contaminar o próprio presidente Calvin Coolidge, que, em seu Discurso do Estado da União de dezembro de 1928, afirmou:

       “Nenhum presidente dos Estados Unidos já reunido até hoje para apreciar o estado da União viu-se diante de uma perspectiva mais agradável do que a que se apresenta no momento atual. No campo nacional há tranqüilidade e contentamento e o recorde absoluto de anos de prosperidade.”

       As razões do otimismo presidencial eram muitas: os Estados Unidos haviam atingido um grau tal de riqueza, e uma riqueza tão bem distribuída, que a uma indústria que produzia sempre mais correspondia um mercado em permanente expansão. O governo, por seu lado, havia feito o seu dever para incentivar o investimento e o consumo: cortara gastos e abolira ou reduzira impostos, ao mesmo tempo que havia mantido o nível de seus ingressos, graças ao crescimento das rendas e dos lucros taxáveis. (LIMONCIC, Flávio. Os inventores do New Deal: Estado e sindicatos no combate à Grande Depressão. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2009, p. 17-8)

     A partir da metade da década de 1920, no entanto, o crescimento econômico estadunidense entrou em desaceleração, pois a recuperação da indústria e da agricultura europeias tornou a Europa menos dependente dos produtos importados dos EUA. O dinamismo do mercado interno estadunidense também foi prejudicado pela queda no valor dos salários pagos aos trabalhadores. Assim, o consumo caía acompanhando a diminuição do poder de compra, porém, as indústrias continuavam produzindo e gerando estoques que ficavam encalhados, desencadeando uma crise de superprodução.

        Mesmo com a economia desacelerada, o preço das ações da bolsa continuou subindo, até que se tornou evidente que essa euforia não era compatível com a situação real das empresas que começaram a falir. Os investidores correram para vender sua ações, mas já não havia compradores. A euforia deu lugar ao desespero, e o mercado de ações entrou na crise que levaria à grande quebra (crash) da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em outubro de 1929.

A quebra da Bolsa de Nova Iorque representou o estopim de uma crise econômica que já estava ocorrendo ao longo da década de 1920 e que se intensificou na década de 1930. Esse período de recessão econômica é chamado de Grande Depressão. A Grande Depressão afetou os EUA e também vários países do mundo. Nos EUA, durante os primeiros anos de recessão econômica, mais de nove mil bancos faliram e cerca de 300 mil empresas foram fechadas, deixando desempregados cerca de 12 milhões de trabalhadores.

Referências:

LIMONCIC, Flávio. Os inventores do New Deal: Estado e sindicatos no combate à Grande Depressão. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2009.

PELLEGRINI, Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade de saber história, 7° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.

 

Fred Costa