segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

A Crise de 1929

 Idade Contemporânea

A Crise de 1929

      Em meados da década de 1920, a economia estadunidense começou a entrar em recessão, desacelerando o consumo. Ao perceber esse fenômeno, grande parte das empresas passou a negociar ações na Bolsa de Valores, principalmente de Nova Iorque. Atraídas pela possibilidade de lucros rápidos, muitas pessoas compravam essas ações, que logo se tornaram muito valorizadas.

         No entanto, o valor das ações subia de forma artificial, isto é, não correspondia ao crescimento real da economia. Isso aconteceu principalmente porque os consumidores procuravam manter um nível de vida mais alto do que a realidade econômica do país permitia, contraindo um grande número de empréstimos garantidos por hipotecas (ato de oferecer um bem como garantia de pagamento de um empréstimo contraído).

     [...] A euforia da década [de 1920] chegava a contaminar o próprio presidente Calvin Coolidge, que, em seu Discurso do Estado da União de dezembro de 1928, afirmou:

       “Nenhum presidente dos Estados Unidos já reunido até hoje para apreciar o estado da União viu-se diante de uma perspectiva mais agradável do que a que se apresenta no momento atual. No campo nacional há tranqüilidade e contentamento e o recorde absoluto de anos de prosperidade.”

       As razões do otimismo presidencial eram muitas: os Estados Unidos haviam atingido um grau tal de riqueza, e uma riqueza tão bem distribuída, que a uma indústria que produzia sempre mais correspondia um mercado em permanente expansão. O governo, por seu lado, havia feito o seu dever para incentivar o investimento e o consumo: cortara gastos e abolira ou reduzira impostos, ao mesmo tempo que havia mantido o nível de seus ingressos, graças ao crescimento das rendas e dos lucros taxáveis. (LIMONCIC, Flávio. Os inventores do New Deal: Estado e sindicatos no combate à Grande Depressão. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2009, p. 17-8)

     A partir da metade da década de 1920, no entanto, o crescimento econômico estadunidense entrou em desaceleração, pois a recuperação da indústria e da agricultura europeias tornou a Europa menos dependente dos produtos importados dos EUA. O dinamismo do mercado interno estadunidense também foi prejudicado pela queda no valor dos salários pagos aos trabalhadores. Assim, o consumo caía acompanhando a diminuição do poder de compra, porém, as indústrias continuavam produzindo e gerando estoques que ficavam encalhados, desencadeando uma crise de superprodução.

        Mesmo com a economia desacelerada, o preço das ações da bolsa continuou subindo, até que se tornou evidente que essa euforia não era compatível com a situação real das empresas que começaram a falir. Os investidores correram para vender sua ações, mas já não havia compradores. A euforia deu lugar ao desespero, e o mercado de ações entrou na crise que levaria à grande quebra (crash) da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em outubro de 1929.

A quebra da Bolsa de Nova Iorque representou o estopim de uma crise econômica que já estava ocorrendo ao longo da década de 1920 e que se intensificou na década de 1930. Esse período de recessão econômica é chamado de Grande Depressão. A Grande Depressão afetou os EUA e também vários países do mundo. Nos EUA, durante os primeiros anos de recessão econômica, mais de nove mil bancos faliram e cerca de 300 mil empresas foram fechadas, deixando desempregados cerca de 12 milhões de trabalhadores.

Referências:

LIMONCIC, Flávio. Os inventores do New Deal: Estado e sindicatos no combate à Grande Depressão. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2009.

PELLEGRINI, Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade de saber história, 7° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.

 

Fred Costa

 

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