A Revolta da Chibata
Com a Proclamação da República,
vários problemas sociais ainda persistiram. Muitos deles estão relacionados com
o fim da escravidão, não só com relação da inserção do negro na sociedade, mas
da permanência de velhas práticas escravistas. Essas práticas ocorreram na
Armada (como era chamada a Marinha), um fato lamentável como tantos outros
relacionados aos negros.
A escravidão que tinha acabado em
1888 não foi suficiente para por fim ao preconceito e os maus tratos para com
as pessoas negras. Ainda persistia na mentalidade de muitas pessoas, idéias
retrógradas e atrasadas de desejarem inferiorizarem os negros, achando que
deveriam ser tratados como se fossem escravos. E o estopim para a Revolta da
Chibata se deu a esse tipo de tratamento.
No
início do século XX, a Marinha do Brasil possuía alguns dos navios de guerra
mais modernos do mundo. Apesar disso, os marinheiros permaneciam submetidos a
leis herdadas do período escravista. Uma das leis mais ultrajantes era a que
permitia chibatadas como punição aos marinheiros, o que gerava grande
descontentamento entre eles, cuja maioria era descendente de africanos.
Cessa insatisfação crescente motivou
um grupo de marinheiros a articular um movimento, que ficou conhecido como Revolta da Chibata. Em 22 de novembro
de 1910, o marinheiro João Cândido
liderou mais de dois mil colegas, que assumiram o controle de quatro poderosos
navios ancorados no Rio de Janeiro. Por rádio, os revoltosos enviaram para as
autoridades suas exigências: fim dos castigos corporais, aumento dos salários e
melhoria nas condições de trabalho. Para pressionar o governo, João Cândido
comandou as tripulações dos navios em manobras no litoral, chegando a disparar
alguns tiros de canhão. Diante da ameaça contra a capital, o governo federal
decidiu atender às reivindicações dos marinheiros, que se entregaram em 26 de
novembro de 1910.
Os castigos corporais foram abolidos, mas, dias depois, a Marinha prendeu alguns marinheiros, incluindo João Cândido, que foi expulso da Marinha e permaneceu preso até 1912. Ele ficou conhecido como “Almirante Negro” e apesar de sofrer muitas perseguições das autoridades, não deixou de participar ativamente de outros movimentos políticos, até sua morte, em 1969.
A Revolta da Chibata trouxe a tona um grande
problema racial presente nos primeiros anos da República Velha. Outras revoltas
que aconteceram anteriormente como a Guerra de Canudos e a Revolta da Vacina já
eram sinais do desgaste que vinha ocorrendo com o sistema político. O fim dos
castigos físicos ocorreram, apesar de toda perseguição e sofrimento causado ao
líder da revolta, deixando marcado na História do Brasil a ação desses marujos
negros corajosos.
Referências:
PELLEGRINI,
Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade
de saber história, 9° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.
Fred Costa