segunda-feira, 26 de julho de 2021

A popularidade e impopularidade do Conde D´Eu, esposo da princesa Isabel

 Brasil Império – II Reinado

A popularidade e impopularidade do Conde D´Eu esposo da princesa Isabel

        Conforme o tempo ia passando no II Reinado durante o Brasil Império e as doenças que acometiam o Imperador D. Pedro II, boa parte da sociedade passou a se preocupar com o futuro. A sucessão do Imperador passou a ser o tema nas rodas de conversas, debates políticos e na imprensa. Como os filhos homens faleceram na infância, e a sua filha mais velha, a princesa Isabel era casada com um francês fizeram com que a desconfiança aumentasse.

         O Gastão de Órleans (conde D´Eu), casado com a princesa Isabel era considerado uma pessoa nada agradável. Muitas caricaturas na mídia faziam referência e ele como alguém que tratava as pessoas mal, assim como corriam as notícias que os seus subordinados não gostavam dele. Logo após o seu casamento, participou da Guerra do Paraguai liderando o desfecho final desse conflito, compartilhando das críticas feitas ao imperador por prolongar uma guerra já vencida.

          Sua participação na Guerra do Paraguai, mesmo não sendo sua intenção participar desse conflito, de início pode até ser elogiada. Demitiu muitos oficiais brasileiros acusado de saquearem cidades e casas paraguaias que haviam sido dominadas pelos brasileiros. Segundo o próprio Taunay o conde era um grande estrategista além de ser corajoso. Percebemos um conflito nas narrativas a favor e contra o Conde D´Eu, quando retornou da guerra, foi recebido como um herói no Rio de Janeiro.

          O fato de ser neto de Luís Filipe I da França, fez com que ao se casar com a princesa Isabel, renunciasse aos seus direitos de ser sucessor do trono francês. Comenta-se que tentou participar das decisões do Império, aconselhando o Imperador, apesar que D. Pedro II não gostava de tratar sobre esses assuntos com sua filha e o genro. Fatos como esse causou desavença sendo preciso a intervenção da princesa Isabel agir para amenizar a situação entre ambos. Afastado da política imperial, resolveu agir em outro ramo como grande incentivador da arte e educação brasileira.

            Muitos elogios são direcionados ao Conde D´Eu, inclusive por republicanos que derrubariam o Império brasileiro. O fato de um republicano adepto do positivismo ter educado os seus filhos demonstra que não levava em conta a ideologia se o mérito fosse de alguém inteligente e capaz de poder educar os seus filhos. Visitou diversas províncias do Império, como o Sul, Nordeste e Norte, sendo recebido em Manaus por diversos deputados provinciais, liderando uma comitiva que instalou o Museu Botânico do Amazonas.

            Muito da impopularidade atribuída ao Conde D´Eu deve-se aos republicanos que precisavam de alguém para atacar. O desgaste da Guerra do Paraguai causado ao Império e por ter permanecido até o final foi o início desses ataques. Seu sotaque francês, fazia com que fosse tratado como um estrangeiro na corte, criando para si diversas calúnias e difamações. Um antigo casarão que sua propriedade e com o tempo acabou virando um cortiço, que possuía uma grande cabeça de porco, até hoje é lembrada por diversos historiadores e contribuem para manter essa imagem impopular de alguém que tanto contribuiu com a princesa Isabel em suas ações a favor do abolicionismo.

Referências:

DORATIOTO, Francisco. Maldita Guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

 

Fred Costa

 

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