O Quarup: uma festa no Xingu
O quarup (kuarup) é um ritual de
culto aos mortos praticado por indígenas de diversas etnias que vivem no Xingu
(reserva indígena localizada no norte de Mato Grosso).
Quarup
é uma palavra d língua camaiurá, que vem de kuat
(sol) e rup (madeira) e quer dizer “madeira
exposta ao sol”. Também é o nome de uma árvore do Xingu. Nesse ritual, os
xinguanos repetem um gesto que teria sido praticado por Maivotsinin, o primeiro
homem.
O ritual do quarup é realizado
quando more um líder ou uma pessoa importante de uma aldeia do Xingu. Os parentes
do morto organizam então uma grande festa em sua homenagem.
Primeiro, convidam parentes de
outros mortos (que também serão homenageados) e membros de outras aldeias para
participar do ritual. Passam várias semanas aprontando a festa: constroem uma
cena em torno da sepultura dos mortos, preparam a comida e a bebida que serão
oferecidas aos convidados e pedem licença à natureza par cortar alguns troncos
de quarup. Depois de pintados e enfeitados com penas, colares e cintos de
algodão, os troncos são fincados no meio da aldeia. Cada tronco representa um
morto. Em torno deles, cantadores e tocadores de maracá (espécie de chocalho
indígena) iniciam o ritual.
Todos têm o corpo pintado de acordo
com as tradições de sua etnia. Ao cair da tarde, arma-se uma fogueira próxima
ao tronco, e os indígenas passam a noite cantando, dançando e chorando o morto.
Os membros das aldeias convidadas
lutam o huka-huka, que imita o combate entre a onça e os peixes narrado no mito
de Maivotsinin. Pintados com óleo de pequi e tinta de jenipapo, os lutadores se
enfrentam dois a dois.
Terminadas as lutas, que podem durar
várias horas, cada uma das aldeias visitantes oferece um presente ao anfitrião.
O ritual se encerra com o lançamento dos troncos ao rio.
A função do quarup não é somente
religiosa. Por meio dele, as diferentes aldeias do Xingu estreitam seus laços. Durante
a festa também podem ocorrer rituais de passagem. Num deles, meninos de até 10
anos têm suas orelhas furadas e recebem outro nome. Em outro, meninas que
tiveram a primeira menstruação e passaram um ano ou mais reclusas dentro de
casa são apresentadas à aldeia. Depois disso, elas podem se casar.
A prática do quarup revela que,
apesar do contato com o não índio, os indígenas brasileiros preservam sua
cultura e mantêm suas tradições.
Referências:
VICENTINO,
Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto
mosaico: história – anos finais (ensino fundamental), 6° ano. 1ª ed. São
Paulo: Scipione, 2015. p. 64 e 65.
Fred Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário