domingo, 27 de setembro de 2020

Conheça mais à História - O Quarup: uma festa no Xingu

                    O Quarup: uma festa no Xingu

   O quarup (kuarup) é um ritual de culto aos mortos praticado por indígenas de diversas etnias que vivem no Xingu (reserva indígena localizada no norte de Mato Grosso).

      Quarup é uma palavra d língua camaiurá, que vem de kuat (sol) e rup (madeira) e quer dizer “madeira exposta ao sol”. Também é o nome de uma árvore do Xingu. Nesse ritual, os xinguanos repetem um gesto que teria sido praticado por Maivotsinin, o primeiro homem.

       O ritual do quarup é realizado quando more um líder ou uma pessoa importante de uma aldeia do Xingu. Os parentes do morto organizam então uma grande festa em sua homenagem.

         Primeiro, convidam parentes de outros mortos (que também serão homenageados) e membros de outras aldeias para participar do ritual. Passam várias semanas aprontando a festa: constroem uma cena em torno da sepultura dos mortos, preparam a comida e a bebida que serão oferecidas aos convidados e pedem licença à natureza par cortar alguns troncos de quarup. Depois de pintados e enfeitados com penas, colares e cintos de algodão, os troncos são fincados no meio da aldeia. Cada tronco representa um morto. Em torno deles, cantadores e tocadores de maracá (espécie de chocalho indígena) iniciam o ritual.

      Todos têm o corpo pintado de acordo com as tradições de sua etnia. Ao cair da tarde, arma-se uma fogueira próxima ao tronco, e os indígenas passam a noite cantando, dançando e chorando o morto.

    Os membros das aldeias convidadas lutam o huka-huka, que imita o combate entre a onça e os peixes narrado no mito de Maivotsinin. Pintados com óleo de pequi e tinta de jenipapo, os lutadores se enfrentam dois a dois.

      Terminadas as lutas, que podem durar várias horas, cada uma das aldeias visitantes oferece um presente ao anfitrião. O ritual se encerra com o lançamento dos troncos ao rio.

       A função do quarup não é somente religiosa. Por meio dele, as diferentes aldeias do Xingu estreitam seus laços. Durante a festa também podem ocorrer rituais de passagem. Num deles, meninos de até 10 anos têm suas orelhas furadas e recebem outro nome. Em outro, meninas que tiveram a primeira menstruação e passaram um ano ou mais reclusas dentro de casa são apresentadas à aldeia. Depois disso, elas podem se casar.

    A prática do quarup revela que, apesar do contato com o não índio, os indígenas brasileiros preservam sua cultura e mantêm suas tradições.

Referências:

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto mosaico: história – anos finais (ensino fundamental), 6° ano. 1ª ed. São Paulo: Scipione, 2015. p. 64 e 65.

 

Fred Costa

 

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