A Epopeia de Gilgamesh e o mito do Dilúvio
A Epopeia de Gilgamesh é considerada a obra literária mais antiga por
alguns estudiosos. A narrativa conta o mito do Dilúvio. Ao que parece, esse
mito sumeriano está ligado às constantes e violentas enchentes dos rios Tigre e
Eufrates. Esse mito foi adotado com adaptações por outros povos da região.
Os fragmentos escritos que se
conservaram da Epopeia de Gilgames
(veja imagem abaixo) reúnem relatos antes transmitidos oralmente. Contam a
busca que o mítico rei sumério Gilgamesh, senhor de Uruk, na Mesopotâmia, fez
para descobrir o segredo da imortalidade. Essas narrativas míticas descrevem os
caminhos, as lutas e aventuras de Gilgamesh. Em uma dessas aventuras, ele
encontra o sábio Utnapishtim, único sobrevivente de um dilúvio provocado pelos
deuses. Utnapishtim conta para Gilgamesh como sobreviveu e como chegou à
imortalidade. No caminho de volta, Gilgamesh encontra a “planta da vida”, que
devolvia a juventude aos velhos. Mas a planta foi devorada por uma cobra. Por essa
razão, as cobras voltam a ser jovens quando trocam de pele e a humanidade deve
aceitar a sua mortalidade. O destino final de Gilgamesh não estão nesses
fragmentos, mas a epopéia revela o temor humano diante da morte.
Leia um treccho da Tábua IX do “Poema
de Gilgamesh”, achada em Nínive, na Bilioteca de Assurbanipal. Ela traz o
relato de Utnapishtim.
Um
dia, os grandes deuses decidiram provocar o Dilúvio. Ea [Enki, deus da
sabedoria] estava junto a eles e me repetiu suas palavras: “Derruba tua casa e
constrói um barco, abandona suas riquezas, preocupa-te apenas em sobreviver e
embarca em teu navio todas as espécies vivas”. Quando com a manhã se fez um
pouco de luz, apareceu no horizonte uma nuvem negra e um assustador silêncio de
tempestade cruzou o céu e converteu em trevas o que era luminoso. A terra se
quebrou como um vaso. Por seis dias e sete noites soprou um vento diluviano. Quando
chegou o sétimo dia, a calma voltou ao mar, se calou o vento nefasto e o
dilúvio cessou. Abriu uma escotilha e não se escutava um só ruído: todos os
povos haviam se convertido em barro. [...]. Quando chegou ao sétimo dia, soltei
um corvo e ele não regressou. Então, dirigi-me aos quatro pontos cardeais e fim
um sacrifício aos deuses.
MARCHAND, Pierre.
História de La humanidad: las
primeiras civilizaciones. Larousse: Barcelola, 1998. p. 62.
Referências:
VICENTINO,
Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto
mosaico: história – anos finais (ensino fundamental), 6° ano. 1ª ed. São Paulo:
Scipione, 2015. p. 141.
Fred Costa
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