terça-feira, 24 de novembro de 2020

Os ex-escravos após a abolição

 Brasil Império

Os ex-escravos após a abolição

        Em maio de 1888, o imperador D. Pedro II se encontrava em viagem na Europa e sua filha, a princesa Isabel, respondia como regente do Império. Nesse momento, a pressão popular para a abolição atingiu seu auge, e os políticos abolicionistas conseguiram concentrar cada vez mais adeptos no Parlamento. Assim, em 13 de maio de 1888, a Lei Áurea foi aprovada pelos deputados brasileiros e assinada pela princesa Isabel. Essa lei declarava extinta a escravidão em todo o Brasil e foi recebida com festa pelos ex-escravos e pelos abolicionistas em todas as regiões do Império.

         Devemos destacar outras leis aprovadas antes da Lei Áurea que tiveram pouco efeito prático, mas foi resultado da pressão popular sobre os parlamentares e que fizeram o movimento abolicionista crescer cada vez mais. A Lei do Ventre Livre (1871) e a Lei dos Sexagenários (1885), mesmo sendo alteradas pela aristocracia representada no parlamento imperial serviram para golpear a instituição da escravidão. A sociedade percebeu que a escravidão caminhava para o fim, a vinda dos imigrantes tornou-se possível uma nova forma de trabalho no campo sendo ela assalariada.

      A abolição da escravidão foi importante porque trouxe igualdade perante a lei para todos os brasileiros, independente da origem étnica de cada um. Porém, ela não foi suficiente para igualar, na prática, os ex-escravos e seus descendentes aos demais cidadãos brasileiros. O racismo ainda estava bastante presente na sociedade brasileira, causando dor e sofrimento para quem antes pertencia a um senhor.

        Muitos ex-escravos continuaram trabalhando para os fazendeiros em troca de salários muito baixos, enquanto outros buscaram melhores condições de vida nas cidades. Porém, como esses ex-escravos não tinham acesso à educação, nem à moradia ou emprego, eles passaram a viver em condições precárias. Cabe ressaltar que os ex-escravos não receberam nenhum auxílio financeiro, seja por parte dos seus ex-empregadores ou por parte do governo imperial, entregue a própria sorte, vivendo por vezes marginalizados.

      Contudo, foi por meio da formação das redes de solidariedades que os ex-escravos puderam sobreviver e resgatar sua dignidade. Nessas redes, eles se ajudavam mutuamente, arrecadando dinheiro para comprar vestimentas e alimentos, além de trabalharem juntos na construção de moradias. Não chegou a abarcar uma grande quantidade de beneficiários, mas a união de quem antes viviam no cativeiro criando um sentimento em comum.

Nem todos os ex-escravos viveram marginalizados, vivendo da prática de crimes ou morreram sem assistência alguma. Alguns grupos continuaram a trabalhar nas fazendas só que em troca de salários como já ocorriam com os imigrantes enquanto outros quiseram dispor da liberdade migrando para outros lugares e cidades. Foi muito difícil essa transição em que teriam que sobreviver devido a uma prática condenada e por isso atualmente temos políticas afirmativas afim de retratar todo o sofrimento causado a esse povo.

Referências:

PELLEGRINI, Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade de saber história, 8° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.

 

Fred Costa

 

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