Brasil Império
Os ex-escravos após a abolição
Em maio de 1888, o imperador D.
Pedro II se encontrava em viagem na Europa e sua filha, a princesa Isabel,
respondia como regente do Império. Nesse momento, a pressão popular para a
abolição atingiu seu auge, e os políticos abolicionistas conseguiram concentrar
cada vez mais adeptos no Parlamento. Assim, em 13 de maio de 1888, a Lei Áurea
foi aprovada pelos deputados brasileiros e assinada pela princesa Isabel. Essa lei
declarava extinta a escravidão em todo o Brasil e foi recebida com festa pelos
ex-escravos e pelos abolicionistas em todas as regiões do Império.
Devemos destacar outras leis
aprovadas antes da Lei Áurea que tiveram pouco efeito prático, mas foi
resultado da pressão popular sobre os parlamentares e que fizeram o movimento
abolicionista crescer cada vez mais. A Lei do Ventre Livre (1871) e a Lei dos
Sexagenários (1885), mesmo sendo alteradas pela aristocracia representada no
parlamento imperial serviram para golpear a instituição da escravidão. A sociedade
percebeu que a escravidão caminhava para o fim, a vinda dos imigrantes
tornou-se possível uma nova forma de trabalho no campo sendo ela assalariada.
A abolição da escravidão foi
importante porque trouxe igualdade perante a lei para todos os brasileiros,
independente da origem étnica de cada um. Porém, ela não foi suficiente para
igualar, na prática, os ex-escravos e seus descendentes aos demais cidadãos
brasileiros. O racismo ainda estava bastante presente na sociedade brasileira,
causando dor e sofrimento para quem antes pertencia a um senhor.
Muitos ex-escravos continuaram
trabalhando para os fazendeiros em troca de salários muito baixos, enquanto
outros buscaram melhores condições de vida nas cidades. Porém, como esses
ex-escravos não tinham acesso à educação, nem à moradia ou emprego, eles
passaram a viver em condições precárias. Cabe ressaltar que os ex-escravos não
receberam nenhum auxílio financeiro, seja por parte dos seus ex-empregadores ou
por parte do governo imperial, entregue a própria sorte, vivendo por vezes
marginalizados.
Contudo, foi por meio da formação
das redes de solidariedades que os ex-escravos puderam sobreviver e resgatar
sua dignidade. Nessas redes, eles se ajudavam mutuamente, arrecadando dinheiro
para comprar vestimentas e alimentos, além de trabalharem juntos na construção
de moradias. Não chegou a abarcar uma grande quantidade de beneficiários, mas a
união de quem antes viviam no cativeiro criando um sentimento em comum.
Nem todos os ex-escravos viveram marginalizados,
vivendo da prática de crimes ou morreram sem assistência alguma. Alguns grupos
continuaram a trabalhar nas fazendas só que em troca de salários como já
ocorriam com os imigrantes enquanto outros quiseram dispor da liberdade
migrando para outros lugares e cidades. Foi muito difícil essa transição em que
teriam que sobreviver devido a uma prática condenada e por isso atualmente
temos políticas afirmativas afim de retratar todo o sofrimento causado a esse
povo.
Referências:
PELLEGRINI,
Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade
de saber história, 8° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.
Fred Costa
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