sábado, 18 de setembro de 2021

Conheça mais à História - Os gladiadores e a cultura do espetáculo em Roma

 Os gladiadores e a cultura do espetáculo em Roma

          As lutas de gladiadores se popularizaram em Roma nos últimos séculos antes de Cristo. Há uma versão de que sua origem estaria ligada a um ritual funerário muito comum entre os povos antigos. Quando alguém importante morria, para mostrar seu desespero, algumas pessoas iam ao enterro arrancar os cabelos, chorar ou mesmo gladiar próximo ao túmulo.

            Com o tempo, alguns desses gladiadores se profissionalizaram, indo de funeral em funeral em troca de dinheiro. Assim, após a morte de um nobre, a família oferecia um grande banquete funerário e contratava gladiadores.

       Mais tarde, o caráter funerário se perdeu e as lutas de gladiadores se tornaram grandes espetáculos, realizados em diversas partes do Império.

            Durante muito tempo acreditou-se que esses espetáculos eram um simples entretenimento da massa de pobres e desocupados que vivia nas cidades. Essas pessoas aceitariam passivamente a “política do pão e circo” e seriam atraídas pelo lado grotesco e cruel das lutas. É essa a idéia que ainda hoje vemos em muitos filmes, quadrinhos e revistas.

            Alguns historiadores, porém, questionaram essa visão. Primeiro, porque o público das lutas era composto por pessoas de diferentes origens, incluindo nobres, pensadores e o próprio imperador. Sêneca, por exemplo, um dos mais célebres escritores do Império, ia de tempos em tempos ao anfiteatro para se distrair.

        Além disso, as lutas eram acontecimentos em que o povo e o imperador se defrontavam. Reunida em grande número, a plebe se fazia ouvir e reforçava suas reivindicações.

          As lutas também eram “educativas”. Elas incutiam no público valores como bravura, força, disciplina e dignidade. Quando vencia, o gladiador adquiria fama e dinheiro. Se vencido, estendia bravamente seu pescoço ao adversário, o que lhe garantia uma morte digna e honrosa, sendo igualmente admirado pelo público.

            Com a adoção do cristianismo como religião oficial do Império Romano, no século IV, as lutas de gladiadores deixaram de ser praticadas. O que os cristãos condenavam não era tanto a crueldade do espetáculo, mas o desrespeito a um dos Dez Mandamentos (“não matarás”). Tanto é que a caça às feras, igualmente cruel, continuou a ser praticada nas arenas, pois não desrespeitava o mandamento cristão de não matar o próximo.

 

Referências:

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto mosaico: história – anos finais (ensino fundamental), 6° ano. 1ª ed. São Paulo: Scipione, 2015. p. 284-285.

 

Fred Costa






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