Brasil Império
A identidade nacional brasileira
O conceito de Estado costuma estar
associado ao conceito de nação, porém eles não são idênticos. O Estado é uma organização
política com governo próprio, dotada de aparelho administrativo (burocracia),
que exerce a soberania sobre determinado território. Já o conceito de nação
envolve mais especificamente a pessoas que habitam o território, partilhando
características em comum que lhes conferem uma identidade: passado (experiência
histórica), língua, costumes, religião, geografia.
No Brasil, não é possível dizer que
todas essas características de nação existiam na época da independência. A identidade
brasileira foi construída aos poucos, ligada ao projeto de Estado e de nação de
suas elites. Nesse processo, a nação e a identidade nacional surgiram depois da
criação do próprio Estado brasileiro.
A criação de uma identidade nacional
é o objetivo político da maioria dos governos, principalmente quando acabam de
chegar ao poder e precisam se legitimar. De forma geral, isso implica na
valorização da cultura dos grupos dominantes, que é considerada como a que “verdadeiramente”
representa o país como um tudo. Isso pode ser feito tanto por meio da escrita
de uma história oficial quanto pela literatura, música, pintura ou outras
formas de arte.
No Segundo Reinado se deu a
consolidação do Estado imperial, e a Monarquia investiu na formação de uma
identidade que fosse aceita e valorizada pelos brasileiros. Em 1850, a situação
política havia sido acalmada, com a pacificação das províncias rebeldes no Sul
e no Nordeste do país. A situação econômica também se estabilizara, com o café
se tornando o principal produto de exportação. A abolição do tráfico de
escravos (1850) liberou capitais para a aplicação em outras áreas, inclusive
nas artes. Nesse contexto, o próprio governo, na figura de D. Pedro II, se
destacou como um incentivador da produção artística e intelectual da nação.
Fatores externos também foram
favoráveis à criação de uma identidade nacional. Na época em que o regime
imperial atingia o seu apogeu, surgiu um inimigo externo, representado pelo
Paraguai. De certa forma, ao dizer que somos brasileiros, automaticamente
dizemos que não somos argentinos ou paraguaios. Essa contraposição com o “outro”
serve para evidenciar as nossas semelhanças.
A identidade nacional brasileira, como ocorre com a
maioria das nações, está em constante reelaboração. Um país como o Brasil, de
imenso território e de população miscigenada, abarca um grande número de
manifestações culturais regionais que dificilmente se encaixam em um discurso
unificado sobre a identidade da nação. O que hoje consideramos características
fundamentais de nossa nacionalidade expressa o resultado parcial das lutas
sociais, travadas em torno da definição do que é “ser brasileiro”.
Referências:
PELLEGRINI,
Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade
de saber história, 8° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.
Fred Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário