quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

A identidade nacional brasileira

 Brasil Império

A identidade nacional brasileira

        O conceito de Estado costuma estar associado ao conceito de nação, porém eles não são idênticos. O Estado é uma organização política com governo próprio, dotada de aparelho administrativo (burocracia), que exerce a soberania sobre determinado território. Já o conceito de nação envolve mais especificamente a pessoas que habitam o território, partilhando características em comum que lhes conferem uma identidade: passado (experiência histórica), língua, costumes, religião, geografia.

      No Brasil, não é possível dizer que todas essas características de nação existiam na época da independência. A identidade brasileira foi construída aos poucos, ligada ao projeto de Estado e de nação de suas elites. Nesse processo, a nação e a identidade nacional surgiram depois da criação do próprio Estado brasileiro.

         A criação de uma identidade nacional é o objetivo político da maioria dos governos, principalmente quando acabam de chegar ao poder e precisam se legitimar. De forma geral, isso implica na valorização da cultura dos grupos dominantes, que é considerada como a que “verdadeiramente” representa o país como um tudo. Isso pode ser feito tanto por meio da escrita de uma história oficial quanto pela literatura, música, pintura ou outras formas de arte.

         No Segundo Reinado se deu a consolidação do Estado imperial, e a Monarquia investiu na formação de uma identidade que fosse aceita e valorizada pelos brasileiros. Em 1850, a situação política havia sido acalmada, com a pacificação das províncias rebeldes no Sul e no Nordeste do país. A situação econômica também se estabilizara, com o café se tornando o principal produto de exportação. A abolição do tráfico de escravos (1850) liberou capitais para a aplicação em outras áreas, inclusive nas artes. Nesse contexto, o próprio governo, na figura de D. Pedro II, se destacou como um incentivador da produção artística e intelectual da nação.

         Fatores externos também foram favoráveis à criação de uma identidade nacional. Na época em que o regime imperial atingia o seu apogeu, surgiu um inimigo externo, representado pelo Paraguai. De certa forma, ao dizer que somos brasileiros, automaticamente dizemos que não somos argentinos ou paraguaios. Essa contraposição com o “outro” serve para evidenciar as nossas semelhanças.

A identidade nacional brasileira, como ocorre com a maioria das nações, está em constante reelaboração. Um país como o Brasil, de imenso território e de população miscigenada, abarca um grande número de manifestações culturais regionais que dificilmente se encaixam em um discurso unificado sobre a identidade da nação. O que hoje consideramos características fundamentais de nossa nacionalidade expressa o resultado parcial das lutas sociais, travadas em torno da definição do que é “ser brasileiro”.

Referências:

PELLEGRINI, Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade de saber história, 8° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.

 

Fred Costa

 

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