quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Escolas historiográficas

 Escolas historiográficas

       As interpretações criadas pelos historiadores para explicar os processos históricos variam muito, pois elas são orientadas pelos métodos, por fontes selecionadas e pelo próprio universo cultural do pesquisador. Quando os historiadores escrevem, eles produzem historiografia, e essa produção costuma seguir orientações e princípios que fazem parte de alguma “escola” ou tendência historiográfica. Conheça a seguir algumas dessas escolas.

           No século XIX, a História tornou-se uma disciplina acadêmica, isto é, começou a ser ensinada nas universidades. Os historiadores responsáveis por essa nova fase da disciplina pertenciam à chamada escola metódica, pois o seu interesse centrava-se na busca da “verdade histórica” que, segundo eles, poderia ser atingida por meio da análise rigorosa dos documentos. Para isso, elaboraram o método de crítica das fontes, cujo objetivo era extrair dos documentos  “o que propriamente aconteceu”, como escreveu o historiador alemão Leopold Von Ranke (1795-1886).

        Outra escola historiográfica importante, que se tornou muito influente no século XX, é o materialismo histórico. Orientados pelas teorias sociais e filosóficas de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), os adeptos do materialismo histórico acreditam que os aspectos econômicos são determinantes no processo histórico. Esse princípio se baseia em uma idéia central de Marx: as pessoas não usufruem das mesmas condições econômicas para viver e, por isso, podem ser divididas em duas classes sociais antagônicas: a dos proprietários dos meios de produção (burguesia) e a dos não proprietários (proletariado). Assim, seria a luta de classes, ou seja, o conflito de interesses entre elas, que movimentaria a história.

       No século XX, também se desenvolveu a chamada escola dos Annales, como ficaram conhecidos os membros de uma revista francesa chamada Anais de História Econômica e Social, fundada em 1929 por Marc Bloch (1886-1944) e Lucien Febvre (1878-1956). Os historiadores da escola dos Annales procuraram dialogar com outras áreas das chamadas Ciências Humanas. Além disso, deram maior atenção às relações entre presente e passado, admitindo que o historiador deve partir das questões de seu tempo presente para analisar os acontecimentos passados. Uma das maiores contribuições dessa escola foi a ampliação do universo documental, ou seja, com base nas investigações dos Annales, praticamente tudo passou a ser considerado como fonte histórica em potencial.

            Na segunda metade do século XX, a influência dos Annales se estendeu a historiadores das mais variadas tendências. Dentro do próprio núcleo francês dos Annales, os historiadores Jacques Le Goff (1924-2014) e Georges Duby (1919-1996) criaram uma vertente chamada Nova História (Nouvelle Histoire), que dá ênfase aos aspectos sociais, culturais e, também, simbólicos na história, aprofundando algumas das questões iniciadas pelos Annales.

Uma das principais contribuições atribuídas aos historiadores da Nova História foi a ampliação das fronteiras da disciplina de História, ao abordar novos temas, como a infância, os sonhos, o corpo e o amor e se aproximar ainda mais de outra disciplinas, como a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia e a Filosofia.

Referências:

PELLEGRINI, Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade de saber história, 9° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.

 

Fred Costa

 

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