Escolas historiográficas
As interpretações criadas pelos
historiadores para explicar os processos históricos variam muito, pois elas são
orientadas pelos métodos, por fontes selecionadas e pelo próprio universo
cultural do pesquisador. Quando os historiadores escrevem, eles produzem historiografia, e essa produção costuma
seguir orientações e princípios que fazem parte de alguma “escola” ou tendência
historiográfica. Conheça a seguir algumas dessas escolas.
No século XIX, a História tornou-se
uma disciplina acadêmica, isto é, começou a ser ensinada nas universidades. Os historiadores
responsáveis por essa nova fase da disciplina pertenciam à chamada escola metódica, pois o seu
interesse centrava-se na busca da “verdade histórica” que, segundo eles,
poderia ser atingida por meio da análise rigorosa dos documentos. Para isso,
elaboraram o método de crítica das fontes, cujo objetivo era extrair dos documentos
“o que propriamente aconteceu”, como
escreveu o historiador alemão Leopold Von Ranke (1795-1886).
Outra escola historiográfica
importante, que se tornou muito influente no século XX, é o materialismo histórico. Orientados
pelas teorias sociais e filosóficas de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels
(1820-1895), os adeptos do materialismo histórico acreditam que os aspectos
econômicos são determinantes no processo histórico. Esse princípio se baseia em
uma idéia central de Marx: as pessoas não usufruem das mesmas condições econômicas
para viver e, por isso, podem ser divididas em duas classes sociais
antagônicas: a dos proprietários dos meios de produção (burguesia) e a dos não
proprietários (proletariado). Assim, seria a luta de classes, ou seja, o
conflito de interesses entre elas, que movimentaria a história.
No século XX, também se desenvolveu
a chamada escola dos Annales, como ficaram conhecidos
os membros de uma revista francesa chamada Anais
de História Econômica e Social, fundada em 1929 por Marc Bloch (1886-1944)
e Lucien Febvre (1878-1956). Os historiadores da escola dos Annales procuraram dialogar com outras
áreas das chamadas Ciências Humanas. Além disso, deram maior atenção às
relações entre presente e passado, admitindo que o historiador deve partir das
questões de seu tempo presente para analisar os acontecimentos passados. Uma das
maiores contribuições dessa escola foi a ampliação do universo documental, ou
seja, com base nas investigações dos Annales,
praticamente tudo passou a ser considerado como fonte histórica em potencial.
Na segunda metade do século XX, a
influência dos Annales se estendeu a
historiadores das mais variadas tendências. Dentro do próprio núcleo francês
dos Annales, os historiadores Jacques
Le Goff (1924-2014) e Georges Duby (1919-1996) criaram uma vertente chamada Nova História (Nouvelle Histoire), que dá ênfase aos
aspectos sociais, culturais e, também, simbólicos na história, aprofundando
algumas das questões iniciadas pelos Annales.
Uma das principais contribuições atribuídas aos
historiadores da Nova História foi a ampliação das fronteiras da disciplina de
História, ao abordar novos temas, como a infância, os sonhos, o corpo e o amor
e se aproximar ainda mais de outra disciplinas, como a Sociologia, a
Antropologia, a Psicologia e a Filosofia.
Referências:
PELLEGRINI,
Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade
de saber história, 9° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.
Fred Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário