quarta-feira, 1 de junho de 2022

A Crise do sistema colonial espanhol

 Idade Moderna

A Crise do sistema colonial espanhol

            A crise do sistema colonial foi determinante para que as colônias espanholas conquistassem sua independência. No decorrer do século XVIII, a autoridade do governo espanhol sobre suas colônias na América foi se tornando cada vez menor nessa época, a Espanha não possuía navios suficientes para fazer a fiscalização de todo o litoral de suas colônias. Assim os colonos conseguiam comercializar com outros Estados europeus, contrariando o exclusivo comercial, característico do colonialismo mercantilista.

           Nesse contexto, o comércio entre as colônias espanholas foi liberado gradativamente. O aumento da circulação de mercadorias entre as colônias proporcionou mais lucros para os comerciantes, que em sua maioria eram criollos. O enriquecimento das elites criollas, porém, não veio acompanhado de maior participação política. Os cargos mais importantes, como os de vice-rei, capitão-geral e arcebispo, continuaram sendo ocupados apenas pelos chamados chapetones, isto é, pessoas nascidas na Espanha e que residiam nas colônias. A insatisfação dos criollos com essa situação aumentou no fim do século XVIII, quando a Espanha, envolvida em guerras na Europa, aumentou a cobrança de impostos.

         A Guerra de Sucessão Espanhola foi uma série de conflitos pela sucessão do trono da Espanha, no início do século XVIII. Com a morte do rei Carlos II, que não deixou herdeiros, teve início a disputa pela Coroa espanhola, na qual se envolveram diferentes nações europeias, como Áustria, Inglaterra, Prússia, Portugal e França. O término dos conflitos foi marcado pela assinatura dos Tratados de Utrecht (1713-1715), os quais determinaram o reconhecimento de Felipe V de Bourbon, neto do rei francês Luís XIV, como rei da Espanha, além de garantir à Inglaterra o direito de comercializar com as colônias espanholas na América.

         Em 1700, o trono espanhol passou a ser ocupado pela dinastia dos Bourbons. Alguns reis dessa dinastia empreenderam reformas no Estado espanhol, que permitiram o desenvolvimento de um pequeno comércio entre as colônias. Além disso, eles promoveram a modernização das instituições imperiais e nomearam novos funcionários para as colônias, com o objetivo de melhorar a gestão das finanças do governo e aumentar o controle sobre elas, reforçando o poder da monarquia espanhola e o sistema de arrecadação de impostos coloniais.

         As reformas dos Bourbons tiveram ampla repercussão nas colônias espanholas, e o comércio entre elas foi sendo liberado gradualmente. Desse modo, aumentaram os contatos comerciais e a circulação de produtos entre as colônias, e também entre elas e as nações estrangeiras, que proporcionaram maiores lucros para os criollos.

Entre os anos de 1807 e 1808, o exército do imperador francês Napoleão Bonaparte invadiu a península Ibérica com o objetivo de fazer valer o Bloqueio Continental, impedindo o comércio de Portugal e Espanha com a Inglaterra. Nessa ocasião, o rei espanhol, Fernando VII, foi deposto, preso e levado para o exílio na França. Na América, a repercussão da queda do rei espanhol foi imediata e aumentou o desejo dos colonos de lutar por sua independência. As elites coloniais, então, organizaram-se em juntas governativas que, em um primeiro momento, apenas resistiram à dominação francesa, tentando ampliar sua relativa autonomia política. Mas, com o retorno de Fernando VII ao trono espanhol, em 1814, ocorreu uma retomada da política absolutista, tornando o sentimento separatista ainda mais forte na América espanhola.

Referências:

PELLEGRINI, Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade de saber história, 8° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.

 

Fred Costa

 

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