domingo, 31 de julho de 2022

Conheça mais à História - As datas da Revolução

 As datas da Revolução

        É habitual começaram-se os livros sobre a Revolução Russa com uma advertência sobre uma diferença de datas relativa ao calendário. Segundo o calendário Juliano, vigente na Rússia à época da insurreição, ele teria ocorrido a 25 de outubro de 1917. Uma posterior mudança para o calendário gregoriano, utilizando pelos países ocidentais, transformou esta data em 7 de novembro. De modo que a Revolução teve início em outubro pelo calendário velho, e em novembro pelo novo.

            Não ocorreu “duas vezes”, mas há duas datas, conforme se utilize um ou outro calendário [...].

GONZÁLEZ, Horácio. A Revolução Russa. São Paulo: Moderna, 1986. p 5.

Referências:

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto mosaico: história – anos finais (ensino fundamental), 9° ano. 1ª ed. São Paulo: Scipione, 2015. p. 53.

 

Fred Costa

 

sábado, 30 de julho de 2022

Conheça mais à História - A Internacional

 A Internacional

        Em 1864, operários europeus diferentes tendências socialistas criaram uma Associação Internacional dos Trabalhadores, a chamada Primeira Internacional. Alguns anos depois, contudo, foi dissolvida em meio às divergências entre as várias correntes participantes.

            Em 1889, surgiu a Segunda Internacional, que reunia partidos e sindicatos da Europa, dos Estados Unidos e da Argentina. Nos vários congressos da associação, que ocorreram em diversas cidades europeias, ganharam destaques as opiniões dos sociais-democratas e dos marxistas, ocorrendo a expulsão dos anarquistas.

            Com a eclosão da Primeira Guerra, em 1914, as divergências entre marxistas (contrários à participação no conflito) e sociais-democratas (apoiavam os interesses de seus Estados na guerra) levaram à dissolução da Segunda Internacional.

Referências:

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto mosaico: história – anos finais (ensino fundamental), 9° ano. 1ª ed. São Paulo: Scipione, 2015. p. 48.

 

Fred Costa

 

sexta-feira, 29 de julho de 2022

A Confederação do Equador

 Brasil Império

A Confederação do Equador

          Em 1822 o Brasil se libertava de Portugal, tornando-se independente. Os laços que antes eram coloniais tinham ficado para trás, mas somente na forma política podemos afirmar que houve mudança, já que na forma de governar muitas semelhanças são notadas. Desde a chegada de D. João VI, a população de Recife estava em polvorosa, revoltando-se contra a coroa Portuguesa em 1817, e mesmo chegando ao fim parecia não ter sido pacificada.

            Na província de Pernambuco, diferentes grupos sociais estavam descontentes com o governo de D. Pedro I. Muitos líderes da Revolução Pernambucana ainda estavam vivos e mantiveram o espírito revolucionário. Com o fechamento da Assembleia Constituinte de 1823, Frei Caneca que tinha participado da revolta anterior ajudou a insuflar ainda mais a população dessa vez contra o Imperador.

            Desde a proclamação da independência do Brasil, vários grupos sociais de Pernambuco estavam insatisfeitos com o governo de D. Pedro I, entre eles os proprietários rurais, jornalistas, advogados, intelectuais, religiosos e grande parte da população da província. Além disso, eles não concordavam com a nomeação, feita pelo imperador, de Francisco Paes Barreto como o novo governador da província de Pernambuco.

           O descontentamento cresceu consideravelmente após a dissolução da Assembleia Constituinte e atingiu seu auge com a imposição da Constituição. Os revoltosos pernambucanos queriam diminuir o repasse dos impostos para o governo central, aumentando o poder dos chefes regionais e a autonomia das províncias. Com o amplo apoio popular e o auxílio da imprensa local, as propostas dos revoltosos logo se espalharam pela região.

            No início de 1824, líderes pernambucanos, apoiados pelos líderes das províncias da Paraíba, do Rio Grande do Norte, do Piauí e do Ceará, proclamaram uma República no Nordeste brasileiro que recebeu o nome de Confederação do Equador. Para sufocar a revolta, D. Pedro I enviou tropas do Exército Imperial para a região. A repressão foi dura, muitos participantes do movimento foram presos e outros, como o frei Caneca, foram executados.

Depois de participar da Revolução Pernambucana de 1817 e ficar preso por quatro anos. Frei Caneca se engajou na Confederação do Equador, participando ativamente do movimento revoltoso. Ele publicou diversos artigos contrários ao imperador nos jornais da região, participou do governo confederado e liderou a batalha contra tropas imperiais. Com a derrota do movimento revoltoso, Frei Caneca foi preso, condenado à morte e executado em 1825.

Referências:

PELLEGRINI, Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade de saber história, 8° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.

 

Fred Costa

 

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Questão da ESA 2013 comentada - Missões exploradoras

ESA (2013) Missões exploradoras

A respeito das expedições marítimas portuguesas enviadas ao Brasil no período pré-colonizador, foram chamadas de “expedições guarda-costas”, empreendidas entre os anos 1516-1520, as missões comandadas por

a) Gaspar de Lemos.

b) Martin Afonso de Souza.

c) Cristóvão Jacques.

d) Gonçalo Coelho.

e) Tomé de Souza



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a) Gaspar de Lemos. Gaspar de Lemos comandou um dos navios da frota de Pedro Álvares Cabral em 1500.

b) Martin Afonso de Souza. Martin Afonso de Souza comandou a primeira expedição colonizadora do Brasil e fundou a Vila São Vicente em 1532.

c) Cristóvão Jacques. Cristóvão Jacques comandou as expedições guarda-costas, realizadas entre os anos 1516 e 1520.

d) Gonçalo Coelho. Gonçalo Coelho comandou as primeiras expedições exploratórias, em 1501-1502 e 1503-1504.

e) Tomé de Souza. Tomé de Souza foi o primeiro governador-geral do Brasil, chegando em Salvador em 1549.


Se você acertou PARABÉNS! Caso contrário espero que os comentários tenham ajudado a entender um pouco mais. É uma questão difícil, por cobrar nomes e pessoas, personagens históricos que sequer lemos ou ouvimos falar. Somente com muita leitura e a bibliografia indicada para saber. Caso queira alguma questão comentada, deixe nos comentários.   

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Questão do ENEM 2018.1 comentada - Brasil Colônia

Enem (2018.1) Brasil Colônia

TEXTO I

E pois que em outra cousa nesta parte me não posso vingar do demônio, admoestado da parte da cruz de Cristo Jesus a todos que este lugar lerem, que deem a esta terra o nome que com tanta solenidade lhe foi posto, sob pena de a mesma cruz que nos há de ser mostrada no dia final, os acusar de mais devotos do pau-brasil que dela.

(BARROS, J. In: SOUZA, L. M. Inferno Atlântico: demonologia e colonização: séculos XVI-XVIII. São Paulo: Cia. das Letras, 1993)

TEXTO II

E deste modo se hão os povoadores, os quais, por mais arraigados que na terra estejam e mais ricos que seja, tudo pretendem levar a Portugal, e, se as fazendas e bens que possuem souberam falar, também lhes houveram de ensinar a dizer como os papagaios, aos quais a primeira coisa que ensinam é: papagaio real para Portugal, porque tudo querem para lá.

(SALVADOR, F. V. In: SOUZA L. M. (Org.). História da vida privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América portuguesa. São Paulo: Cia. das Letras, 1997).

As críticas desses cronistas ao processo de colonização portuguesa na América estavam relacionadas à:

A) utilização do trabalho escravo.
B) implantação de polos urbanos.
C) devastação de áreas naturais.
D) ocupação de terras indígenas.
E) expropriação de riquezas locais.


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A) utilização do trabalho escravo. Não tem nenhuma referência no texto da pergunta sobre a utilização do trabalho escravo.
B) implantação de polos urbanos. Naquele tempo e período histórico não haveria essa intenção por parte dos dolonizadores.
C) devastação de áreas naturais. Para que houvesse devastação de áreas naturais precisaria de um objetivo maior, assim como essa afirmação não seria uma intenção por finalidade.
D) ocupação de terras indígenas. Não é comentado nos textos da pergunta essa possibilidade.
E) expropriação de riquezas locais. Os 2 textos de apoio deixa bem claro a intenção dos portugueses de levar todas as riquezas para Portugal, como projeto de colonização.



Se você acertou PARABÉNS! Caso contrário espero que os comentários tenham ajudado a entender um pouco mais. Essa questão é fácil de resolver necessitando apenas interpretação de texto para a sua resolução. Caso queira alguma questão comentada, deixe nos comentários.   

terça-feira, 26 de julho de 2022

Questão do ENCCEJA Ens. Méd. 2020 comentada - Escravidão

ENCCEJA  Ens. Méd. (2020) Escravidão

A luta dos escravos pela liberdade na segunda metade do século XIX foi o primeiro capítulo da história do movimento operário no Brasil. Os escravos organizaram-se coletivamente para obter a liberdade, negociaram condições de trabalho, fizeram greves, recorreram à justiça para conseguir alforrias e para confrontar os senhores de diversas formas. Enfim, articularam uma cultura política complexa que ajudou a enterrar a sociedade senhorial-escravista.

CHALHOUB, S. O primeiro capítulo da história do movimento operário no Brasil. Livro de Resumos – XXI Simpósio Nacional de História. Niterói: UFF, 2001 (adaptado).

Na relação entre os movimentos abolicionistas e operário, a atuação dos escravos, conforme descrita no texto, favoreceu a

a) criação das cooperativas agrícolas.
b) entrada dos imigrantes asiáticos.
c) estagnação das atividades comerciais.
d) conquista dos trabalhadores assalariados.


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a) criação das cooperativas agrícolas. Não havia naquele período cooperativas agrícolas.
b) entrada dos imigrantes asiáticos. Os imigrantes vieram não só da Ásia como também da Europa.
c) estagnação das atividades comerciais. As atividades comerciais continuaram mesmo com toda essa luta realizada pelos escravos.
d) conquista dos trabalhadores assalariados. A luta dos escravizados conforme o texto abriu caminho para os futuros trabalhadores assalariados conquistassem mais direitos.



Se você acertou PARABÉNS! Caso contrário espero que os comentários tenham ajudado a entender um pouco mais. É uma questão mediana para o nível Ensino Médio, exigindo um pouco mais de leitura para a sua resolução. Caso queira alguma questão comentada, deixe nos comentários.   

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Questão da ESPCEX 1998 comentada - Guerra Fria

ESPCEX (1998) Guerra Fria

Neste ano ocorre o cinquentenário da fundação do Estado de Israel e da criação da ponte aérea para Berlim “Ocidental”, que tinha sido bloqueada pelos soviéticos. Sobre estes dois eventos da História Contemporânea é correto afirmar que

A) a aliança de Israel com os EUA e a reação Ocidental ao bloqueio soviético em Berlim podem ser enquadrados no contexto mais amplo da “Guerra Fria”.
B) a ONU criticou violentamente a criação dos dois eventos, uma vez que apoiava a manutenção única do Estado da Palestina e o bloqueio soviético.
C) ambos são consequências diretas da Primeira Guerra Mundial, já que a perseguição aos judeus e a grande vitória soviética ocorreram nesse conflito.
D) somente graças aos judeus retirados de Berlim pela Ponte Aérea Ocidental é que os judeus da Palestina tiveram apoio internacional para a criação do Estado de Israel.
E) Israel tinha, quando da sua implantação, uma forte orientação para uma economia plenamente embasada nos ideais do Socialismo, da mesma forma que a capital alemã ocupada pelos Aliados Ocidentais.


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A) a aliança de Israel com os EUA e a reação Ocidental ao bloqueio soviético em Berlim podem ser enquadrados no contexto mais amplo da “Guerra Fria”. A influência dos EUA e a divisão de Berlim pertencem a Guerra Fria.
B) a ONU criticou violentamente a criação dos dois eventos, uma vez que apoiava a manutenção única do Estado da Palestina e o bloqueio soviético. A ONU é uma organização que prega a paz e a união, não havendo porque ser contra o que é afirmado nesta alternativa.
C) ambos são consequências diretas da Primeira Guerra Mundial, já que a perseguição aos judeus e a grande vitória soviética ocorreram nesse conflito. É preciso lembrar que após a Primeira Guerra Mundial ocorreu a Segunda, dando sequência a sucessão de eventos citadas na pergunta.
D) somente graças aos judeus retirados de Berlim pela Ponte Aérea Ocidental é que os judeus da Palestina tiveram apoio internacional para a criação do Estado de Israel. Os fatos mencionados nesta alternativa não possui relação com os fatos históricos.
E) Israel tinha, quando da sua implantação, uma forte orientação para uma economia plenamente embasada nos ideais do Socialismo, da mesma forma que a capital alemã ocupada pelos Aliados Ocidentais. Não ocorreu a inclinação do Estado de Israel ao Socialismo conforme sugerido.


Se você acertou PARABÉNS! Caso contrário espero que os comentários tenham ajudado a entender um pouco mais. Essa questão é fácil, pois as alternativas erradas estão fora do contexto com os fatos históricos. Caso queira alguma questão comentada, deixe nos comentários.   

domingo, 24 de julho de 2022

Documentos Históricos - Invasão alemã na Bélgica

 Invasão alemã na Bélgica

            Em 1914, o estadunidense Richard Harding Davis era correspondente do jornal New York Tribune e estava na Bélgica no dia em que o país foi atravessado pelas tropas alemãs que se segue, o jornalista descreve o episódio que presenciou.

          A entrada do exército em Bruxelas perdeu o tom humano. Perdeu-o quando os três soldados à frente das tropas entraram de bicicleta no Boulevard du Regente e perguntaram o caminho para Gare du Nord. Quando passaram, passou com eles a nota humana.

            O que veio depois deles, e 24 horas depois continuava chegando, não foram homens marchando, mas uma força da natureza semelhante a uma maré, uma avalanche ou um rio inundando as margens. [...]

           A visão dos primeiros regimentos do inimigo, ficamos excitados de interesse., após três horas, eles haviam passado numa ininterrupta coluna de aço cinza [e] estávamos entediados. Mas, conforme as horas passavam e não havia tempo para respirar e nem espaços abertos nas fileiras, a coisa se tornou fantástica, desumana. Voltamos a olhá-la, fascinados. Tinha o mistério e a ameaça da neblina rolando para nós do outro lado do mar.

         [...] Só o olho mais penetrante detectava a menor diferença entre os milhares de homens que passavam. Todos se moviam sob um manto de invisibilidade.

            [...]

          Os homens da infantaria cantavam “Pátria, minha pátria”. Entre cada verso da música davam três passos. Às vezes dois mil homens cantavam juntos em batida e ritmo absoluto. [...]

         A meia-noite, as carroças de carga e os canhões de sítio continuavam a passar. Às 7 horas fui acordado pelo barulho de homens e bandas tocando com elegância. Se marcharam à noite eu não sei; mas já faz 24 horas que o exército cinzento passa com o mistério da neblina e a pertinácia de um rolo compressor.

LEWIS, John E. (Org.). O grande livro do jornalismo. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008. p. 79-82.

Referências:

LEWIS, John E. (Org.). O grande livro do jornalismo. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto mosaico: história – anos finais (ensino fundamental), 9° ano. 1ª ed. São Paulo: Scipione, 2015. p. 45.

 

Fred Costa

 

sábado, 23 de julho de 2022

Conheça mais à História - O espartilho, a bicicleta e a Primeira Guerra

 O espartilho, a bicicleta e a Primeira Guerra

Durante a Primeira Guerra, o vestuário feminino passou por mudanças profundas.

Na Belle Époque, a moeda eram as salas cheias, longas e com caudas, blusas de gola alta e acessórios floridos (chapéus e sombrinhas), tudo isso decorado com rendas, pregas, nervuras e babados. Para comprimir o abdome e afinar a cintura, as mulheres usavam espartilhos apertadíssimos, feitos de tecido resistente e modelados com arames, barbatanas de baleia ou lâminas de aço ou borracha. A pressão era tanta que chegava a lesionar a pele e os músculos, podendo até mesmo atingir os órgãos internos.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a escassez de materiais e a forte contenção de despesas fizeram com que as peças de roupa se tornassem cada vez mais simples. Caudas e babados foram abandonados, pois os tecidos precisavam ser aproveitados ao máximo, como para as vestimentas dos soldados. As saias encurtaram, as mangas das blusas diminuíram e as peças em geral perderam volume, tudo isso decorrência da escassez de materiais.

A borracha e o couro passaram a ser usados na fabricação de instrumentos bélicos (como rodas de avião e cartucheiras para balas). Isso levou os franceses a produzir sapatos com sola de madeira e espartilhos com menos borracha. Ternos masculinos foram transformados em elegantes tailleurs para mulheres; chapéus passaram a ser produzidos com materiais até então descartáveis, como a serragem; paraquedas rasgados eram reutilizados para a confecção de vestidos de noiva. Até mesmo a largura dos cintos diminuiu, marcando a moda da época.

Além disso, com a ida dos homens para os campos de batalha, mais mulheres passaram a trabalhar fora de casa. Esse fato também promoveu mudanças nas vestimentas femininas, que tiveram de se adaptar às condições das fábricas, tornando-se mais leves e confortáveis, com cortes simples e retos.

Finalmente, o uso da bicicleta como meio de transporte levou muitas trabalhadoras a abandonar o uso de espartilho e a vestir roupas mais soltas e curtas. Desde o final do século XIX, aliás, a bicicleta vinha desempenhando um papel importante na luta feminina por direitos. Numa época dominada tradicionalmente pelos homens, o uso desse novo meio de transporte logo ganhou apoio de lideranças feministas:

“A mulher está pedalando em direção ao sufrágio”, disse a americana Elizabeth Staton (1815-1902), citando outro direito ainda por conquistar na época. A bicicleta é “igualitária e niveladora” e ajuda a “libertar o nosso sexo”, afirmou a presidente da Liga Francesa de Direitos da Mulher, Maria Pognon (1844-1925). Entre os americanos, o ciclismo ficou ligado à figura da New Woman [Nova Mulher], que contestava os tradicionais papéis femininos envolvendo-se com movimentos reivindicatórios, principalmente pelo direito de voto.

MELO, Victor Andrade de; SCHETINO, André. Liberdade em duas rodas. Revista de História, 16 jun. 2010. Disponível em: www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/liberdade-em-duas-rodas. Acesso em 5 out. 2014

Referências:

MELO, Victor Andrade de; SCHETINO, André. Liberdade em duas rodas. Revista de História, 16 jun. 2010. Disponível em: www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/liberdade-em-duas-rodas. Acesso em 5 out. 2014

 

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto mosaico: história – anos finais (ensino fundamental), 9° ano. 1ª ed. São Paulo: Scipione, 2015. p. 40-41.

 

Fred Costa