Invasão alemã na Bélgica
Em 1914, o estadunidense Richard
Harding Davis era correspondente do jornal New
York Tribune e estava na Bélgica no dia em que o país foi atravessado pelas
tropas alemãs que se segue, o jornalista descreve o episódio que presenciou.
A
entrada do exército em Bruxelas perdeu o tom humano. Perdeu-o quando os três
soldados à frente das tropas entraram de bicicleta no Boulevard du Regente e
perguntaram o caminho para Gare du Nord. Quando passaram, passou com eles a
nota humana.
O
que veio depois deles, e 24 horas depois continuava chegando, não foram homens
marchando, mas uma força da natureza semelhante a uma maré, uma avalanche ou um
rio inundando as margens. [...]
A
visão dos primeiros regimentos do inimigo, ficamos excitados de interesse.,
após três horas, eles haviam passado numa ininterrupta coluna de aço cinza [e]
estávamos entediados. Mas, conforme as horas passavam e não havia tempo para
respirar e nem espaços abertos nas fileiras, a coisa se tornou fantástica,
desumana. Voltamos a olhá-la, fascinados. Tinha o mistério e a ameaça da
neblina rolando para nós do outro lado do mar.
[...]
Só o olho mais penetrante detectava a menor diferença entre os milhares de
homens que passavam. Todos se moviam sob um manto de invisibilidade.
[...]
Os
homens da infantaria cantavam “Pátria, minha pátria”. Entre cada verso da
música davam três passos. Às vezes dois mil homens cantavam juntos em batida e
ritmo absoluto. [...]
A
meia-noite, as carroças de carga e os canhões de sítio continuavam a passar. Às
7 horas fui acordado pelo barulho de homens e bandas tocando com elegância. Se marcharam
à noite eu não sei; mas já faz 24 horas que o exército cinzento passa com o
mistério da neblina e a pertinácia de um rolo compressor.
LEWIS, John E.
(Org.). O grande livro do jornalismo. Rio
de Janeiro: José Olympio, 2008. p. 79-82.
Referências:
LEWIS,
John E. (Org.). O grande livro do
jornalismo. Rio de Janeiro: José
Olympio, 2008.
VICENTINO,
Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto
mosaico: história – anos finais (ensino fundamental), 9° ano. 1ª ed. São
Paulo: Scipione, 2015. p. 45.
Fred Costa
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