quarta-feira, 20 de julho de 2022

Revoltas Regenciais

 Brasil Império

Revoltas Regenciais

            O período Regencial foi marcado por crises políticas e revoltas populares. O príncipe D. Pedro tinha apenas cinco anos de idade quando seu pai abdicou o trono. De acordo com a Constituição de 1824, até que ele atingisse a maioridade, o império seria governado por regentes nomeados pelos deputados e senadores. Essa situação, no entanto, provocou intensas disputas entre grupos políticos distintos.

         As províncias brasileiras eram governadas por membros das elites regionais, formadas por proprietários rurais e grandes comerciantes. Esses líderes regionais, influenciados por ideais liberais, buscavam maior autonomia em relação ao governo central e disputavam o poder com os políticos da capital. Estes últimos, por sua vez, defendiam um governo centralizado que conservasse as mesmas características políticas do governo de D. Pedro I.


            No início do século XIX, revoltas de escravos aconteceram em diferentes regiões da Bahia, como a Revolta dos Malês (Bahia, 1835). Em razão das péssimas condições de vida, os africanos escravizados e os libertos de Salvador se uniram para lutar por sua liberdade e melhores condições de vida. Eles planejaram um levante com objetivo de tomar o poder na província da Bahia. O levante contaria com a participação de centenas de escravos e ex-escravos sob a liderança de nagôs e hauçás. Os nagôs e os hauçás eram originários de uma região da África que havia sido conquistada e convertida ao islamismo. O levante estava planejado para ocorrer na madrugada do dia 24 para o dia 25 de janeiro de 1835, mas foi delatado à polícia, que passou a invadir as casas onde poderiam ser encontrados os líderes do movimento.

A Cabanagem (Pará, 1835), foi outra revolta que aconteceu no período Regencial e que contou com a participação efetiva de grupos populares. No século XIX, os conflitos entre populares e governo eram freqüentes na província do Pará. A cobrança de altos impostos e os preços elevados das mercadorias manufaturadas causavam muita insatisfação desde que o Brasil havia se tornado independente. Descontente com essa situação, em 1835, um grupo de revoltosos invadiu a cidade de Belém e executou o governador da província. Após tomarem o poder os cabanos nomearam vários de seus líderes para ocupar cargos administrativos. Para governar a província, eles nomearam Eduardo Angelim, que permaneceu cerca de nove meses no poder. Em maio de 1836, Belém foi retomada pelas tropas regenciais, mas os cabanos resistiram até 1840, lutando em meio a florestas e rios. Quando o governo lhes concedeu a anistia, grande parte dos rebeldes já havia morrido em combate contra as tropas do governo.

            A alta tributação imposta aos estancieiros do Sul pelo governo central foi um dos principais motivos da Revolução Farroupilha (Rio Grande do Sul, 1835). Os grandes estancieiros do Rio Grande do Sul, entretanto, estavam descontentes com o governo central, que cobrava impostos mais altos sobre o charque gaúcho do que sobre o charque uruguaio. Além das mudanças tributárias, os gaúchos reivindicavam o direito de escolher o governador de sua província. Em setembro de 1835, Bento Gonçalves liderou um exército rebelde que ocupou a capital Porto Alegre, depôs o governador e assumiu o controle da província, proclamando a República Rio-Grandense, independente em relação ao restante do Império. Em 1842, o governo imperial reagiu enviando Luís Alves de Lima e Silva, o barão de Caxias, com o objetivo de negociar a pacificação da região com os líderes revolucionários e reincorporar a província rebelde ao Império do Brasil. Os rebeldes encontraram dificuldades em manter o movimento revolucionário. Em 1845, foi assinado o Acordo de Poncho Verde, que encerrava o conflito.

Outras também aconteceram no Maranhão como a Balaiada e novamente na Bahia a Sabinada. Todas essas revoltas ocorreram devido as péssimas condições de vida da população, principalmente das camadas mais humildes, com ressalvas, que levaram a levantes populares. Tiveram por características contestar o poder dos governadores, seja por meio da violência ou deposição dos presidentes das províncias, culminando com a repressão do Governo Imperial.

Referências:

PELLEGRINI, Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade de saber história, 8° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.

 

Fred Costa

 

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