Idade Moderna
O público e o privado no Antigo Regime
No período do Antigo Regime, teve
início a divisão entre o público e o privado. Muitos empresários da época
utilizaram-se do Estado para poderem se beneficiar a si próprio. Utilizando da
estrutura do governo, buscando influências, vantagens afim de buscar o
enriquecimento e manutenção de privilégios.
Atualmente, é comum a utilização do
termo “público” em oposição a “privado”. Assim, o “público” pode designar
alguma coisa pertencente ao povo (coletividade) ou ao Estado. Já o conceito de “privado”
refere-se ao ambiente doméstico, familiar ou à atividade particular de um
indivíduo ou grupo. Dessa forma, há diversas características que separam o
público do privado. No entanto, essa distinção foi construída ao longo da
história das sociedades, mais especificamente a partir do início da Idade
Moderna.
A partir do século XVI, na Europa, o
Estado passou a intervir cada vez mais nos espaços sociais da comunidade. Além das
funções administrativas, jurídicas e militares, jurídicas e militares, passou a
exercer maior controle social. A maior interferência do Estado sobre a
sociedade propiciou o desenvolvimento de novas normas de conduta e padrões de
comportamento. Assim, torna-se cada vez mais nítida a divisão entre o que se
pode fazer em público e o que deve ser mantido distante do olhar dos outros.
Além do fortalecimento do Estado
moderno, os historiadores apontam outros fatores que contribuíram para o
processo de divisão entre o público e o privado, entre eles as reformas
religiosas e o aumento de alfabetização. Nesse sentido, diversas mudanças podem
ser observadas, por exemplo, nos costumes da vida cotidiana, nas moradias e nas
formas de lazer e divertimento.
No final da Idade Média, geralmente
as pessoas de uma comunidade mantinham vínculos de dependência entre si. Dessa forma,
a vida social, profissional e doméstica muitas vezes se confundia e não havia
lugar para privacidade ou segredos. Durante a transição da Idade Média para a
Idade Moderna, além das transformações políticas, religiosas e sociais, os
costumes também sofreram mudanças, que, por sua vez, criaram novos hábitos nas
sociedades ocidentais. O modo de falar e o comportamento à mesa são exemplos de
hábitos que sofreram mudanças ao longo do tempo, como forma de diferenciação
entre os grupos sociais e modelo de civilidade.
Diversos textos e tratados demonstram as
transformações dos costumes durante esse período de transição da Idade Média
para a Idade Moderna. Esses textos enfatizavam os bons costumes como
indicadores de um comportamento social aceitável. Leia o fragmento a seguir.
Espera, meu filho, comporta com
boas maneiras
Quando à mesa te sentares para a
tua refeição;
Em cada agrupamento e em cada
companhia,
Vai disposto a ser tão sociável
Que os homens falem de ti de modo
elogioso;
Pois, podes bem crê, é por tua
conduta
Que irão te condenar-te ou
louvar-te...
Caxton. In:
Norbert Elias. O processo civilizador.
Trad. Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. v. 1. p. 92.
Referências:
Caxton.
In: Norbert Elias. O processo
civilizador. Trad. Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. v. 1. p.
92.
PELLEGRINI,
Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade
de saber história, 8° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.
Fred Costa
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