Idade Média
A condenação da usura pela Igreja na Baixa Idade Média
Segundo os evangelhos, a Igreja foi
instituída pelo próprio Jesus Cristo, que teria dito a seu apóstolo Pedro: “Tu
és pedra, e sobre ela erguerei minha Igreja”. Pedro teria fundado, em Roma, a
primeira igreja. Foi assim que ganhou força a denominação Igreja católica,
palavra de origem grega (kathólikós) que quer dizer universal.
Já no final do Império Romano após ser liberado o
direito ao culto dos cristãos começou a se organizarem. Com a invasão dos povos
bárbaros, muitos deles converteram-se ao catolicismo. Aos poucos foram ganhando
poder e notoriedade, além de ser uma instituição organizada e letrada.
Dirigida pelos papas e bispos, formavam enormes
feudos através de mosteiros e abadias que pareciam cidades. Grande parte do
conhecimento era detida por ela assim como suas bibliotecas, sendo acusada
pelos renascentistas como “Idade das Trevas”.
Os mercadores, que exerciam uma grande atividade
comercial na Baixa Idade (séculos XI ao XV), foram rejeitados pela Igreja e
pela moral cristã. Esses profissionais seriam condenados a viver em pecado, por
causa dos seus negócios e o desejo de ganha/lucrar. Os argumentos utilizados
estavam nas Sagradas Escrituras: “Se vós
só emprestais àqueles de quem esperais restituição, que mérito tendes? Porque os
pecadores emprestam aos pecadores com o fim de receberem o equivalente [...]
Emprestai sem nada esperar em troca e a vossa recompensa será grande”. (Lucas,
capítulo VI, versículo 34-35, Novo Testamento).
Para São Tomás de Aquino, o que se vende pela
prática do juro é algo que não pertence ao homem, mas a Deus: o próprio tempo. O
fato de o dinheiro obtido pelos juros, não ter trabalhado para consegui-los,
classifica-se pela Igreja como usura. Para a mentalidade cristã, o que advém do
suor do trabalho não deveria ser valorizado.
A usura não tinha um único significado em todas as
situações, e algumas práticas eram mais condenáveis do que outras. Em geral, é
usura todo o contrato em que seja necessário o pagamento de juros. Isso já
configurava sede de lucro. Nesse sentido, os mercadores-banqueiros eram, por
princípio, usurários, ou seja, eles cometiam a usura em todas as suas
atividades. Muitos que se tornavam banqueiros não eram cristãos. Curioso que
muitos judeus eram quem exerciam essas atividades.
Os cristãos que cometiam o pecado da usura deveriam
prestar contas com a Igreja. Nisso aí, surgiriam os pagamentos como forma de
perdoarem os seus pecados, ou também doações que ajudaram a erigir diversos
templos medievais. Iniciava o que mais tarde seria chamado de venda de
indulgências.
Referências:
Bíblia Sagrada.
Enem
– Geografia e História. São Paulo: Edicase, 2019.
LE
GOFF, Jacques. Mercadores e banqueiros
na Idade Média. Lisboa: Gradiva, 1980.
MAGALHÃES,
Gustavo Celso de; HERMETO, Miriam. História
- 7° ano. Ensino Fundamental II. Belo Horizonte: Editora Educacional, 2015.
VICENTINO,
Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto
mosaico: história – anos finais (ensino fundamental). 1ª ed. São Paulo:
Scipione, 2015.
Fred Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário