quarta-feira, 20 de abril de 2022

As ditaduras na América Latina

 Idade Contemporânea

As ditaduras na América Latina

         Entre os anos de 1950 e 1980, diversos países da América Latina tiveram governos de caráter autoritário que cometeram várias arbitrariedades contra indivíduos e grupos sociais. Após a reinstalação das democracias, setores da sociedade civil começaram a se mobilizar para investigar os crimes cometidos pelos Estados.

         Ditadura é uma forma de governo no qual a maior parte dos poderes políticos fica sob o controle de uma pessoa ou de um pequeno grupo de pessoas. Nas ditaduras há uma dura repressão daqueles que dela discordam e a supressão, ou restrição, dos direitos e das liberdades públicas e privadas. Ditadura militar é aquela na qual os militares têm o poder de decisão. Porém, nem toda ditadura conta apenas com a participação de militares. Na América Latina, entre os anos 1950 e os anos 1980, diversas ditaduras tiveram também a participação de civis, como empresários, políticos, policiais e outros setores da sociedade que apoiavam ativamente o regime. Por isso, elas podem ser chamadas de ditaduras civis-militares.

         As ditaduras latino-americanas foram marcados pelo intenso uso da violência e da repressão contra todos os grupos considerados uma ameaça aos interesses dos Estados Unidos e das elites nacionais. Com isso, não foram apenas indivíduos ou grupos sociais que defendiam idéias comunistas que foram reprimidos. Artistas, estudantes, sindicalistas, jornalistas, intelectuais e mesmo políticos moderados ou que defendiam propostas mais democráticas sofreram com a repressão.

         O uso de técnicas de tortura e assassinatos foi comum nos regimes ditatoriais e muitas pessoas foram obrigadas a abandonar seus países para escapar da ameaça da repressão. Em alguns casos, como na Argentina e no Chile, a violência promovida pelas ditaduras foi tão intensa que milhares de pessoas foram mortas ou desapareceram. Só no Chile, foram cerca de 40 mil as vítimas de torturas e prisões políticas, além de outros 3 mil mortos ou desaparecidos pelo regime.

         Outra manifestação da repressão foi o uso da censura. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, programas televisivos e radiofônicos, entre muitos outros exemplos, eram frequentemente censurados e impedidos de divulgar livremente informações ou críticas ao regime. Canções e outras obras de arte que denunciavam as violências das ditaduras foram proibidas e seus autores sofriam com a ameaça de perseguição, prisão e morte. Do ponto de vista econômico, os regimes autoritários aproveitaram seus amplos poderes para promover reformas econômicas. Para isso, promoveram a abertura das economias nacionais ao capital internacional e recorreram a investimentos e empréstimos internacionais. Esse tipo de reforma ajudou a dinamizar as economias, mas promoveu o intenso endividamento dos países e enfraqueceu a autonomia dos governos para comandar os processos econômicos.

Na década de 1970, quando o capitalismo entrou em crise, as economias latino-americanas pararam de crescer e começaram a sofrer com problemas freqüente de inflação, desemprego e recessão. Isso intensificou a pobreza, a desigualdade social e a concentração de renda. Na década de 1980, a maior parte dos países latino-americanas atravessaram um período de grave crise econômica por conta disso. Foi nesse contexto que os regimes autoritários perderam apoio popular e começaram a sofrer constantes contestações. Diferentes setores da sociedade passaram a organizar amplos protestos, iniciativa que contribuiu para acelerar o processo de redemocratização da América Latina, colocando fim aos regimes autoritários desse período.

Referências:

SERIACOPI, Reinado; AZEVEDO, Gislane. Inspire História, 9° ano. 1ª ed. São Paulo: FTD, 2018.

 

Fred Costa

 

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