Idade Contemporânea
As ditaduras na América Latina
Entre os anos de 1950 e 1980,
diversos países da América Latina tiveram governos de caráter autoritário que
cometeram várias arbitrariedades contra indivíduos e grupos sociais. Após a
reinstalação das democracias, setores da sociedade civil começaram a se
mobilizar para investigar os crimes cometidos pelos Estados.
Ditadura é uma forma de governo no
qual a maior parte dos poderes políticos fica sob o controle de uma pessoa ou
de um pequeno grupo de pessoas. Nas ditaduras há uma dura repressão daqueles
que dela discordam e a supressão, ou restrição, dos direitos e das liberdades
públicas e privadas. Ditadura militar é aquela na qual os militares têm o poder
de decisão. Porém, nem toda ditadura conta apenas com a participação de
militares. Na América Latina, entre os anos 1950 e os anos 1980, diversas
ditaduras tiveram também a participação de civis, como empresários, políticos,
policiais e outros setores da sociedade que apoiavam ativamente o regime. Por isso,
elas podem ser chamadas de ditaduras civis-militares.
As ditaduras latino-americanas foram
marcados pelo intenso uso da violência e da repressão contra todos os grupos
considerados uma ameaça aos interesses dos Estados Unidos e das elites
nacionais. Com isso, não foram apenas indivíduos ou grupos sociais que
defendiam idéias comunistas que foram reprimidos. Artistas, estudantes,
sindicalistas, jornalistas, intelectuais e mesmo políticos moderados ou que
defendiam propostas mais democráticas sofreram com a repressão.
O uso de técnicas de tortura e
assassinatos foi comum nos regimes ditatoriais e muitas pessoas foram obrigadas
a abandonar seus países para escapar da ameaça da repressão. Em alguns casos,
como na Argentina e no Chile, a violência promovida pelas ditaduras foi tão
intensa que milhares de pessoas foram mortas ou desapareceram. Só no Chile,
foram cerca de 40 mil as vítimas de torturas e prisões políticas, além de
outros 3 mil mortos ou desaparecidos pelo regime.
Outra manifestação da repressão foi
o uso da censura. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, programas
televisivos e radiofônicos, entre muitos outros exemplos, eram frequentemente
censurados e impedidos de divulgar livremente informações ou críticas ao
regime. Canções e outras obras de arte que denunciavam as violências das
ditaduras foram proibidas e seus autores sofriam com a ameaça de perseguição,
prisão e morte. Do ponto de vista econômico, os regimes autoritários aproveitaram
seus amplos poderes para promover reformas econômicas. Para isso, promoveram a
abertura das economias nacionais ao capital internacional e recorreram a
investimentos e empréstimos internacionais. Esse tipo de reforma ajudou a
dinamizar as economias, mas promoveu o intenso endividamento dos países e
enfraqueceu a autonomia dos governos para comandar os processos econômicos.
Na década de 1970, quando o capitalismo entrou em
crise, as economias latino-americanas pararam de crescer e começaram a sofrer
com problemas freqüente de inflação, desemprego e recessão. Isso intensificou a
pobreza, a desigualdade social e a concentração de renda. Na década de 1980, a
maior parte dos países latino-americanas atravessaram um período de grave crise
econômica por conta disso. Foi nesse contexto que os regimes autoritários
perderam apoio popular e começaram a sofrer constantes contestações. Diferentes
setores da sociedade passaram a organizar amplos protestos, iniciativa que
contribuiu para acelerar o processo de redemocratização da América Latina,
colocando fim aos regimes autoritários desse período.
Referências:
SERIACOPI,
Reinado; AZEVEDO, Gislane. Inspire
História, 9° ano. 1ª ed. São Paulo: FTD, 2018.
Fred Costa
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