Idade Contemporânea – Brasil República
O cotidiano dos afro-brasileiros
A abolição da escravidão no Brasil,
em 1988, foi resultado da resistência negra durante séculos e da união e luta
de diversos grupos sociais brasileiros pela libertação dos escravizados. No entanto,
nem o governo monárquico, que aboliu a escravidão, nem o governo republicano,
instalado em 1889, empreenderam políticas de inclusão dos ex-escravizados na
sociedade.
Por falta de opção, muitos dos
ex-escravizados que trabalhavam nas grandes propriedades rurais permaneceram
nas terras dos fazendeiros e continuaram trabalhando em troca de uma pequena remuneração.
Outros procuraram um pedaço de terra abandonada e lá se instalaram. Muitos ex-escravizados,
porém, se deslocaram para as cidades em busca de melhores condições de vida.
O cotidiano dos ex-escravizados nas
cidades, no entanto, também não era nada fácil. Em razão da discriminação e da
falta de boas oportunidades de emprego, tiveram que aceitar os trabalhos mais
precários ou prestar serviços nas ruas das cidades, recebendo pequenos
pagamentos.
Sem contar com o apoio do governo e
enfrentando grandes dificuldades de sobrevivência, muitos ex-escravizados se
organizaram e formaram redes de solidariedade, em que cada um contava com a
ajuda dos demais para sobreviver. As principais tarefas dessas redes de
solidariedade eram: arrecadar dinheiro para a construção de moradias e para a
compra de alimentos e roupas àqueles que estivessem necessitados; conseguir
assistência médica aos doentes, promover eventos culturais e artísticos;
contratar advogados para defender os direitos e a liberdade religiosa dos
ex-escravizados. Essas redes, formadas em diferentes regiões brasileiras, foram
importantes iniciativas dos afro-brasileiros para resgatar sua força e
dignidade de viver por meio da cooperação e do trabalho comunitário.
Para superar as dificuldades que
enfrentavam, era muito importante para os ex-escravizados e seus descendentes
manter seus costumes tradicionais. Desse modo, todos os anos eles celebravam
diversas festas, como a festa do Divino Espírito Santo, a congada e a festa de
Iemanjá, além do Moçambique e do carnaval. Durante a Primeira República, no
entanto, as elites brasileiras se empenharam em substituir o elemento africano
da cultura popular brasileira por costumes europeus, considerados mais “civilizados”.
Por isso, os afro-brasileiros tiveram de lutar para manter seus costumes e sua
cultura. Atualmente, muitos aspectos da cultura brasileira têm matriz cultural
africana, como a capoeira e o culto a Iemanjá.
Percebe-se que uma História errônea e preconceituosa
é relatada por vezes, narrando que a maioria dos ex-escravos tiveram os piores
destinos possíveis. Muitos deles mantiveram em seus locais de trabalho só que
recebendo salários. Importante também salientar a cooperação que houve entre
eles desde as redes de solidariedades como a resistência para manter sua
cultura e principalmente a religião. Mas o preconceito não foi extinto e sua
luta ainda continua mesmo após mais de cem anos da abolição da escravidão.
Referências:
PELLEGRINI,
Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade
de saber história, 9° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.
Fred Costa
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