quarta-feira, 27 de abril de 2022

O cotidiano dos afro-brasileiros

 Idade Contemporânea – Brasil República

O cotidiano dos afro-brasileiros

            A abolição da escravidão no Brasil, em 1988, foi resultado da resistência negra durante séculos e da união e luta de diversos grupos sociais brasileiros pela libertação dos escravizados. No entanto, nem o governo monárquico, que aboliu a escravidão, nem o governo republicano, instalado em 1889, empreenderam políticas de inclusão dos ex-escravizados na sociedade.

            Por falta de opção, muitos dos ex-escravizados que trabalhavam nas grandes propriedades rurais permaneceram nas terras dos fazendeiros e continuaram trabalhando em troca de uma pequena remuneração. Outros procuraram um pedaço de terra abandonada e lá se instalaram. Muitos ex-escravizados, porém, se deslocaram para as cidades em busca de melhores condições de vida.

           O cotidiano dos ex-escravizados nas cidades, no entanto, também não era nada fácil. Em razão da discriminação e da falta de boas oportunidades de emprego, tiveram que aceitar os trabalhos mais precários ou prestar serviços nas ruas das cidades, recebendo pequenos pagamentos.

           Sem contar com o apoio do governo e enfrentando grandes dificuldades de sobrevivência, muitos ex-escravizados se organizaram e formaram redes de solidariedade, em que cada um contava com a ajuda dos demais para sobreviver. As principais tarefas dessas redes de solidariedade eram: arrecadar dinheiro para a construção de moradias e para a compra de alimentos e roupas àqueles que estivessem necessitados; conseguir assistência médica aos doentes, promover eventos culturais e artísticos; contratar advogados para defender os direitos e a liberdade religiosa dos ex-escravizados. Essas redes, formadas em diferentes regiões brasileiras, foram importantes iniciativas dos afro-brasileiros para resgatar sua força e dignidade de viver por meio da cooperação e do trabalho comunitário.

         Para superar as dificuldades que enfrentavam, era muito importante para os ex-escravizados e seus descendentes manter seus costumes tradicionais. Desse modo, todos os anos eles celebravam diversas festas, como a festa do Divino Espírito Santo, a congada e a festa de Iemanjá, além do Moçambique e do carnaval. Durante a Primeira República, no entanto, as elites brasileiras se empenharam em substituir o elemento africano da cultura popular brasileira por costumes europeus, considerados mais “civilizados”. Por isso, os afro-brasileiros tiveram de lutar para manter seus costumes e sua cultura. Atualmente, muitos aspectos da cultura brasileira têm matriz cultural africana, como a capoeira e o culto a Iemanjá.

Percebe-se que uma História errônea e preconceituosa é relatada por vezes, narrando que a maioria dos ex-escravos tiveram os piores destinos possíveis. Muitos deles mantiveram em seus locais de trabalho só que recebendo salários. Importante também salientar a cooperação que houve entre eles desde as redes de solidariedades como a resistência para manter sua cultura e principalmente a religião. Mas o preconceito não foi extinto e sua luta ainda continua mesmo após mais de cem anos da abolição da escravidão.

 

Referências:

PELLEGRINI, Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade de saber história, 9° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.

 

Fred Costa

 

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