sábado, 30 de abril de 2022

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 História e literatura nas independências hispano-americanas

           Uma vez realizadas as independências na América, os territórios que antes pertenciam à Espanha se fragmentaram numa série de repúblicas independentes. Mas o que tinha o México de tão específico a ponto de se diferenciar da Guatemala? O que separava os argentinos dos paraguaios, ou a Colômbia do Equador? Que características eram próprias do Peru e não da Bolívia?

           Para justificar sua existência, as recém-criadas nações hispano-americanas precisaram forjar uma identidade, escolhendo entre os diversos aspectos de seu povo e de sua cultura aqueles considerados mais “característicos”, que as diferenciariam tanto da Espanha como das nações vizinhas.

           As produções literárias tiveram um papel muito importante nesse processo. Elas não só buscaram reforçar as características das novas sanções, formando uma identidade cultural e nacional entre os americanos, como também divulgaram propostas políticas que determinaram os rumos dos novos governos. Além de divertir e entreter o leitor, grande parte da literatura hispano-americana do século XIX foi, sobretudo, patriótica.

       Apesar das variações de estilo e de conteúdo, podemos dizer que, nas literaturas hispano-americanas da primeira metade do século XIX, predominou a narrativa romântica, inspirada no romantismo europeu.

        Os temas mais apreciados pelos hispano-americanos eram a história do passado colonial, a paisagem natural tipicamente americana e o convívio entre os diferentes tipos humanos que habitavam o continente. Procurava-se validar as recentes independências com a descrição de uma paisagem exuberante e própria da América, com um suposto passado heróico dos povos nativos, com o convívio relativamente harmonioso nas sociedades tipicamente mestiças do continente. Comparavam-se as novas nações europeias. As primeiras eram simbolizadas pela beleza natural, harmonia social, pureza e valentia dos tipos humanos, e as segundas pela malícia e pelos maus vícios dos conquistadores e colonizadores.

            Alguns dos principais autores hispanos-americanos foram:

·         O venezuelano Simón Bolívar (1783-1830), líder revolucionário da independência, que publicou Mi delírio en el Chimborazo, em 1824;

·         O venezuelano Andrés Bello (1781-1865), professor de Bolívar, integrou a primeira missão diplomática do governo da Venezuela em Londres, anos mais tarde. Bello publicou muitos textos, como os poemas Agricultura de La Zona Tórrida e Poema sobre América, e foi autor do Código Civil Chileno;

·         O argentino Domingo Faustino Sarmiento (1811-1888) escreveu obras literárias como verdadeiros programas políticos, seus textos são expressão de protesto e luta por concepção políticas e sociais. Sua principal obra é Civilização e barbárie: vida de Juan Facundo Quiroga, de 1845. Nesse trabalho o autor apresentou críticas aos caudilhos locais e um plano político para a reconstrução nacional, que estava baseado principalmente na educação pública, na imigração europeia e no progresso técnico e econômico. Destacam-se ainda suas obras Recuerdos de Provincia, Viajes por Europa, África y América, La Educación Popular.

Referências:

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto mosaico: história – anos finais (ensino fundamental), 8° ano. 1ª ed. São Paulo: Scipione, 2015. p. 136-137.

 

Fred Costa

 

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