Festas do Brasil colonial
Desde o início da colonização,
realizavam-se na América portuguesa festas públicas de caráter oficial ou
religioso. As festas oficiais eram impostas pela Coroa portuguesa para celebrar
nascimentos reais, casamentos e coroações, ou ainda manifestar o pesar pela
morte de um rei. As festas religiosas, organizadas pela Igreja, comemoravam
datas santas, como Páscoa, Natal e Corpus
Christi. Os principais objetivos dessas comemorações eram manter presente a
figura do rei, geograficamente distante, e fortalecer a fé católica entre os
colonos.
Grande parte dessas festas remontava
a antigas tradições cristãs da península Ibérica. É o caso da Festa do Divino Espírito Santo,
instituída em Portugal no ano de 1321 para comemorar o dia de Pentecostes, por
meio de procissões e banquetes.
Na colônia, porém, as festas de
origem portuguesas misturaram-se a tradições indígenas e africanas, originando
diversas manifestações que fazem parte daquilo que hoje chamamos de cultura popular
brasileira.
Durante as festas de Natal ou de
Reis, por exemplo, começaram a ser encenados pequenos autos que representavam a
morte e a ressurreição de um boi. Essas encenações foram provavelmente criadas
pelos jesuítas para explicar aos indígenas e africanos o conceito de
ressurreição, tão importante na fé católica. Aos poucos, essas encenações foram
incorporando elementos trazidos pelos escravos (como o cabumba e o ganzá,
instrumentos de origem africana) e indígenas (como suas danças, ritmos e
adereços). Essa prática deu origem a um folguedo (brincadeira) popular que se
espalhou por todo o Brasil, recebendo diferentes nomes: Bumba meu Boi
(Maranhão, Rio Grande do Norte, Alagoas e Piauí), Boi-Bumbá (Pará e Amazonas),
Bumbá (Pernambuco), Boi de Mamão (Santa Catarina e Paraná), entre outros.
Outra festa colonial que misturava
elementos de diferentes culturas era o rito de coroação do rei e da rainha do
Congo. Essa festa evocava uma história que corria entre escravos e libertos de
origem africana sobre um antigo rei do Congo, trazido como escravo para Minas Gerais,
onde recebeu o nome de Chico-Rei. Aqui, ele conseguiu acumular fortuna e
comprar sua alforria, fundando uma irmandade de negros que tinha como padroeira
Nossa Senhora do Rosário. Durante uma Festa de Reis, ele e sua mulher foram
coroados rei e rainha do Congo, readquirindo o status que tinham antes de ser escravizados.
Com base nessa tradição, os negros
aproveitavam a Festa de Reis para encenar a coroação de Chiro-Rei. O evento se
iniciava com uma missa, na qual um padre católico coroava as pessoas escolhidas
para ser os monarcas do Congo. Em seguida, começavam os festejos com cantos,
danças, percussão e desfile da realeza pelas ruas, acompanhadas de sua “corte”
devidamente caracterizada. Essa festa deu origem à tradição popular da congada, praticada até hoje em algumas
regiões do país.
Referências:
VICENTINO,
Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto
mosaico: história – anos finais (ensino fundamental), 7° ano. 1ª ed. São
Paulo: Scipione, 2015. p. 288-289.
Fred Costa
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