terça-feira, 23 de junho de 2020

Política do café com leite


República Velha


Política do café com leite

     No ano de 1889 o Brasil deixava de ser Império e passou a se tornava República. O primeiro presidente eleito indiretamente foi o marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892). Pelo seu vice também ser militar, esse período inicial ficou conhecido como República da Espada. Foi um início tenso devido a embates do presidente com o Congresso Nacional e também sua renúncia e o término do mandato pelo vice-presidente Floriano Peixoto (1839-1895) governando com mãos de ferro, repelindo revoltas na marinha e também no sul do país.

    Com o fim do mandato presidencial pelos militares, em 1894 foi eleito o primeiro presidente civil do Brasil, o paulista Prudente de Morais (1841-1902). Isso se deu graças aos partidos republicanos de cada estado e à possibilidade de autonomia proporcionada pelo federalismo. Assim, os latifundiários, via partidos republicanos, obtiveram o controle político e econômico do país (para entende sobre a economia desse período que já foi tratado nesse blog, clique aqui).


  Durante esse período, os presidentes do Brasil procuraram fazer alianças com as elites regionais, implantando a chamada política dos governadores. Esse arranjo político, idealizado pelo presidente Campos Salles (1841-1913), consistia no compromisso de a presidência apoiar os governos dos estados e dos governadores de apoiarem a presidência. Era vantajoso para os governos estaduais, porque seus representantes eram premiados com ministérios, ajuda econômica e liberdade para instituírem impostos estaduais caso aprovassem medidas de interesses do governo no Legislativo.

     Em contrapartida, os governadores defenderiam as políticas federais e garantiriam, a qualquer custo, a eleição de deputados que seguissem a orientação política do governo federal.

  Um desdobramento importante da política dos governadores foi a alternância no poder de representantes dos dois maiores colégios eleitorais e estados mais ricos da federação: São Paulo (café) e Minas Gerais (leite). Esse arranjo ficou conhecido informalmente como política do café com leite. A política dos governadores possibilitou que a elite agrária mantivesse o poder por cerca de 35 anos.


    Os arranjos entre as elites políticas da Primeira República ocorriam em três níveis: municipal, estadual e federal. Observe:
  •  Nível Municipal: se destacava a figura do coronel, que exercia seu poder geralmente em uma região do interior do país. Ele era responsável por garantir que a população votasse nos deputados favoráveis ao governo.

  •  Nível Estadual: era dominado pelos governadores, que recebiam o apoio dos coronéis e concediam a eles muitos privilégios caso garantissem os votos dos candidatos favoráveis ao governo.

  •   Nível Federal: o governo contava com o apoio dos governadores dos estados, que a cada eleição reafirmavam suas alianças e interesses políticos. Em troca, o presidente atribuía amplos poderes aos governadores que o apoiavam.


Referências:

PELLEGRINI, Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade de saber história, 9° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.

SCHENEEBERGER, Carlos Alberto. Manual Compacto de história: ensino fundamental. 1ª ed. São Paulo: Rideel, 2010.


Fred Costa


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