sábado, 27 de junho de 2020

A reforma eleitoral de 1881


Brasil Império - Eleições



A reforma eleitoral de 1881

   Com a implantação do Império Brasileiro, as eleições brasileiras eram censitárias, ou seja, para poder votar o eleitor precisava possuir uma determinada renda. Muitos historiadores ainda debatem se a quantidade de homens votantes era grande ou não. Mas a verdade é que uma parcela enorme da sociedade era excluída de poder votar como mulheres e escravos. Esse assunto já foi tratado nesse blog (clique aqui para conferir).

     Desde a Constituição de 1824, outorgada (tornada pública) pelo Imperador D. Pedro I, havia determinações quanto ao processo eleitoral. O seu sistema era bastante complexo, devido aos eleitores de primeiro e segundo grau. Apesar de que comparado com os dias atuais não seja abrangente, mas para a época foi importante afim de garantir um processo democrático. Apesar dos partidos Liberal e Conservador disputarem pelo poder, muita coisa aconteceu nesse período e você pode verificar clicando aqui também.



Com o aumento da população e principalmente dos centros urbanos, várias demandas chegaram ao Imperador D. Pedro II. O voto censitário era uma barreira para muitas pessoas, que desejavam participar do processo político imperial. Poder não só votar como ser votado foi uma necessidade da população e abraçada pelo Imperador brasileiro.

     Uma grande discussão foi iniciada em utilizar o voto direto, mas esbarrava no grande problema que foi o analfabetismo. Milhares de brasileiros não sabiam ler e escrever. Os parlamentares achavam essencial que ao escolherem os parlamentares, era preciso um nível de intelectualidade. O analfabetismo era visto como ignorância não só quanto ao intelecto, mas também como forma de enxergar o mundo assim como o processo eleitoral e político.

       Em 1880, José Antônio Saraiva, foi convocado pelo Imperador para chefiar o Conselho de Ministro e implantar uma reforma eleitoral. O seu projeto inicial enviado à Câmara dos Deputados implantava um processo eleitoral em que seria exigido uma simples assinatura. Mas na comissão de análise na Câmara, foi modificado exigindo que o eleitor soubesse ler e escrever ao ter que registrar o nome do candidato na cédula, assim como assinar a data da eleição.



    Mesmo obtendo resistência no Senado, foi aprovado o projeto de lei em 1881, transformando-se na Lei 3.029, de 09 de janeiro de 1881, ficando conhecido como Lei Saraiva, por causa do seu elaborador. Nas eleições seguintes percebeu uma diminuição do número de votantes. A primeira eleição sob o princípio dessa lei, de 145.296 eleitores, somente 96.411 votaram, seguindo as exigências de saber ler e escrever. Mesmo mantendo o voto censitário, em que era necessário possuir uma determinada renda para poder votar, mais de 80 por cento do eleitorado foi excluído de poder votar.

Referências:

PELLEGRINI, Nelson; DIAS, Adriana e GRINBERG, Keila. Vontade de Saber História, 8° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.

SCHNEEBERGER, Carlos Alberto. Manual Compacto de História: ensino fundamental. 1ª ed. São Paulo: Rideel, 2010.

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto mosaico: história – anos finais (ensino fundamental). 1ª ed. São Paulo: Scipione, 2015.


Fred Costa

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