Brasil Colônia – Chegada dos
Portugueses
A chegada dos Portugueses e o primeiro contato com os indígenas
Em 22 de abril de 1500, uma esquadra
portuguesa comandada por Pedro Álvares Cabral chegou às terras que hoje formam
o Sul do estado da Bahia. No dia seguinte os portugueses avistaram um grupo de
indígenas na praia e desembarcaram para estabelecer os primeiros contatos.
Alguns fatos ocorridos nesse
primeiro encontro foram narrados em uma carta que o escrivão português Pero Vaz
de Caminha enviou ao rei de Portugal. Leia a seguir um trecho dessa carta.
E
dali tivemos a visão de homens que andavam pela praia, cerca de sete ou oito,
segundo os navios pequenos disseram, por chegarem primeiro.
[...]
E o capitão mandou no batel em terra a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E logo
que ele começou a ir para lá, acudiram pela praia homens, quando dois, quando
três, de maneira que, chegando o batel à beira do rio, eram ali dezoito ou
vinte homens pardos, todos nus, sem nenhuma coisa que lhes cobrisse suas
vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijos para o
batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os
pousaram. (Pero Vaz de Caminha. Carta ao rei Dom Manuel. 3 ª
ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000. p. 17)
Os portugueses permaneceram por dez
dias no território brasileiro. Na carta de Pero Vaz de Caminha demonstra a
tentativa de comunicação com os indígenas, principalmente afim de saber se
existia ouro nas terras recém conquistadas. A realização da primeira missa no
Brasil, conforme a imagem acima, foi celebrada por Henrique de Coimbra, frade
português, após quatro dias que tinham chegado no “Novo Mundo”. Assim relata a carta
sobre a realização da missa.
Ao domingo de Pascoela pela manhã,
determinou o Capitão de ir ouvir missa e pregação naquele ilhéu. Mandou a todos
os capitães que se aprestassem nos batéis e fossem com ele. E assim foi feito.
Mandou naquele ilhéu armar um esperável, e dentro dele um altar mui bem
corregido. E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual foi dita pelo
padre frei Henrique, em voz entoada, e oficiada com aquela mesma voz pelos
outros padres e sacerdotes, que todos eram ali. A qual missa, segundo meu
parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e devoção.
[...]
Acabada a missa, desvestiu-se o padre e subiu a uma cadeira alta; e nós todos
lançados por essa areia. E pregou uma solene e proveitosa pregação da história
do Evangelho, ao fim da qual tratou da nossa vinda e do achamento desta terra,
conformando-se com o sinal da Cruz, sob cuja obediência viemos, o que foi muito
a propósito e fez muita devoção.
Enquanto
estivemos à missa e à pregação, seria na praia outra tanta gente, pouco mais ou
menos como a de ontem, com seus arcos e setas, a qual andava folgando. E olhando-nos,
sentaram-se. E, depois de acabada a missa, assentados nós à pregação,
levantaram-se muitos deles, tangeram corno ou buzina, e começaram a saltar e
dançar um pedaço. (Pero
Vaz de Caminha. Carta ao rei Dom Manuel. 3ª ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000. p.
31)
Talvez o quadro pintado por Victor
Meirelles trezentos anos depois não esteja de acordo com a realidade dos fatos.
Sua visão romantizada embeleza o momento assim como a relação entre os
portugueses e indígenas tupiniquins, primeiros povos que mantiveram contatos. Falavam
o tupi e habitavam o litoral e viviam em aldeias compostas por cinco a dez
grandes habitações organizadas de maneira circular, com um pátio central.
Referências:
PELLEGRINI,
Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade
de saber história, 7° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.
Pero
Vaz de Caminha. Carta ao rei Dom Manuel. 3ª ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000.
VICENTINO,
Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto
Mosaico: história – anos finais (ensino fundamental). 1ª ed. São Paulo: Scipione,
2015.
Fred Costa
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