segunda-feira, 15 de junho de 2020

A Chegada dos Portugueses e o primeiro contato com os indígenas


Brasil Colônia – Chegada dos Portugueses


A chegada dos Portugueses e o primeiro contato com os indígenas

       Em 22 de abril de 1500, uma esquadra portuguesa comandada por Pedro Álvares Cabral chegou às terras que hoje formam o Sul do estado da Bahia. No dia seguinte os portugueses avistaram um grupo de indígenas na praia e desembarcaram para estabelecer os primeiros contatos.

   Alguns fatos ocorridos nesse primeiro encontro foram narrados em uma carta que o escrivão português Pero Vaz de Caminha enviou ao rei de Portugal. Leia a seguir um trecho dessa carta.

      E dali tivemos a visão de homens que andavam pela praia, cerca de sete ou oito, segundo os navios pequenos disseram, por chegarem primeiro.

      [...] E o capitão mandou no batel em terra a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E logo que ele começou a ir para lá, acudiram pela praia homens, quando dois, quando três, de maneira que, chegando o batel à beira do rio, eram ali dezoito ou vinte homens pardos, todos nus, sem nenhuma coisa que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijos para o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram. (Pero Vaz de Caminha. Carta ao rei Dom Manuel. 3 ª ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000. p. 17)


     Os portugueses permaneceram por dez dias no território brasileiro. Na carta de Pero Vaz de Caminha demonstra a tentativa de comunicação com os indígenas, principalmente afim de saber se existia ouro nas terras recém conquistadas. A realização da primeira missa no Brasil, conforme a imagem acima, foi celebrada por Henrique de Coimbra, frade português, após quatro dias que tinham chegado no “Novo Mundo”. Assim relata a carta sobre a realização da missa.

       Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o Capitão de ir ouvir missa e pregação naquele ilhéu. Mandou a todos os capitães que se aprestassem nos batéis e fossem com ele. E assim foi feito. Mandou naquele ilhéu armar um esperável, e dentro dele um altar mui bem corregido. E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual foi dita pelo padre frei Henrique, em voz entoada, e oficiada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes, que todos eram ali. A qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e devoção.

       [...] Acabada a missa, desvestiu-se o padre e subiu a uma cadeira alta; e nós todos lançados por essa areia. E pregou uma solene e proveitosa pregação da história do Evangelho, ao fim da qual tratou da nossa vinda e do achamento desta terra, conformando-se com o sinal da Cruz, sob cuja obediência viemos, o que foi muito a propósito e fez muita devoção.

       Enquanto estivemos à missa e à pregação, seria na praia outra tanta gente, pouco mais ou menos como a de ontem, com seus arcos e setas, a qual andava folgando. E olhando-nos, sentaram-se. E, depois de acabada a missa, assentados nós à pregação, levantaram-se muitos deles, tangeram corno ou buzina, e começaram a saltar e dançar um pedaço. (Pero Vaz de Caminha. Carta ao rei Dom Manuel. 3ª ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000. p. 31)

  Talvez o quadro pintado por Victor Meirelles trezentos anos depois não esteja de acordo com a realidade dos fatos. Sua visão romantizada embeleza o momento assim como a relação entre os portugueses e indígenas tupiniquins, primeiros povos que mantiveram contatos. Falavam o tupi e habitavam o litoral e viviam em aldeias compostas por cinco a dez grandes habitações organizadas de maneira circular, com um pátio central.


Referências:

PELLEGRINI, Nelson; DIA, Adriano; GRINBERG, Keila. Vontade de saber história, 7° ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015.

Pero Vaz de Caminha. Carta ao rei Dom Manuel. 3ª ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000.

VICENTINO, Cláudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto Mosaico: história – anos finais (ensino fundamental). 1ª ed. São Paulo: Scipione, 2015.


Fred Costa


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