Brasil Colônia –
Conjuração Baiana
A Conjuração Baiana
A
Revolta dos Búzios (os participantes usavam um búzio – concha marinha – para demonstrar
que estavam a favor da conjuração), também chamada de Revolução dos Alfaiates,
Conjuração Baiana ou Inconfidência Baiana, reuniu pessoas que sonhavam e lutavam
pela instauração de uma república democrática e justa pelo fim da escravidão. Sem
dúvida, foi um dos mais importantes movimentos libertários do país. Isto porque
representou, ao mesmo tempo, os anseios populares de melhoria de vida e as
lutas anticoloniais contra monopólios e privilégios portugueses que
prejudicavam as classes médias locais e aumentavam o custo de vida. Os boletins
divulgados anunciavam ainda o fim dos impostos e taxas cobrados pela Coroa de
Portugal, o aumento do salário para os soldados, a abertura dos portos para o
comércio com as nações amigas, especialmente a França.
TAVARES,
Luís Henrique Dias. Revista de História da Biblioteca Nacional, Ano 2, n. 15,
dez 2006, p. 77 (Fragmento)
Na Bahia as categorias sociais
ligadas à produção e ao grande comércio viviam, desde o final da década de
1780, um clima de prosperidade econômica, em razão da alta dos preços dos
produtos. Contudo, as camadas populares viviam o contrário: como aumentavam os
preços dos produtos e os salários continuavam os mesmos, houve diminuição de
poder aquisitivo para a maior parte da população.
Foi nesse contexto quem, quase dez
anos depois da Inconfidência Mineira, no dia 12 de agosto de 1798, Salvador
amanheceu com paredes e muros pinchados com palavras de ordem revolucionárias e
com panfletos e boletins – chamados de pasquins sediciosos – espalhados por
vários lugares em que pudessem ser lidos pela população.
Os panfletos eram anônimos e,
fazendo uma crítica ao excesso de impostos cobrados e à dominação do governo
português, incitavam o povo a uma revolução republicana. Influenciados pelos
acontecimentos e idéias da Revolução Francesa, mais especificamente da sua fase
mais radical (Convenção, quando os jacobinos estavam no poder), os panfletos
divulgados pelos participantes da Conjuração Baiana expressavam as seguintes idéias:
liberdade (independência), república, liberdade econômica, igualdade de
direitos, separação entre Igreja e Estado.
A autoria desses panfletos ou boletins foi
facilmente descoberta, porque houve delação. O governo iniciou a devassa contra
as pessoas envolvidas, especialmente das camadas populares, contra as quais
havia mais provas e maior interesse em condenar. Foram presas 59 pessoas, das
quais 34 foram processadas e algumas condenadas ao degredo. A maioria era parda
ou negra e pobre. Apenas quatro homens, todos pardos e pobres, receberam a pena
de morte na forca por conspirarem contra a Coroa de Portugal: os alfaiates João
de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira e os soldados Lucas Dantas
de Amorim Torres e Luís Gonzaga das Virgens e Veiga. Os membros das classes
mais abastadas ou de categorias médias foram inocentados ou receberam indultos.
No dia 04 de março de 2011, a presidente Dilma
Rousseff reconheceu a importância desses heróis negros para o Brasil, por meio
da lei federal n° 12.391, proposta por um deputado federal baiano, que inclui o
nome dos quatro líderes da Revolta no Livro dos Heróis Nacionais.
Referências:
Lei
n° 12.391, de 04 de março de 2011, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12391.htm,
acessada no dia 02 de julho de 2020.
MAGALHÃES,
Gustavo Celso de; HERMETO, Miriam. História,
8° ano: Ensino Fundamental
(livro 1). Belo Horizonte: Editora Educacional, 2016.
TAVARES,
Luís Henrique Dias. Revista de História da Biblioteca Nacional, Ano 2, n. 15,
dez 2006.
Fred Costa
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